
Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) — Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe — compartilham com o Brasil muito mais do que a língua. Música, dança, culinária, religiosidade e trajetórias históricas atravessam séculos, evidenciando laços que vão além do passado colonial. Ainda assim, no imaginário brasileiro, essas conexões permanecem invisíveis.
Em artigo publicado no Bantumen, a pesquisadora e escritora Jamila Pereira (@millie_gp) evidencia essa desconexão:
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“90% dos brasileiros com quem interagi não fazia a mínima ideia de que, para além de Angola, existem outros países africanos que igualmente partilham a língua portuguesa.”
A observação de Jamila revela um padrão recorrente: o Brasil, mesmo carregando uma herança cultural africana tão profunda, privilegia referências distantes ou fantasiosas da África, apagando da memória coletiva as histórias contemporâneas dos PALOP. Essa ausência de conhecimento gera desconexão e uma sensação de não pertencimento para quem vem desses países, mesmo que conheça o Brasil profundamente.
A caboverdiana Karen (@eukarenpacheco) também critica essa percepção:
“Se dá muito mais atenção numa África que não existe, que é Wakanda, e você ignora uma África que existe, que é muito mais interessante.”
O problema não é apenas acadêmico ou midiático. Ele é simbólico e social: invisibilizar os PALOP significa negligenciar as pontes culturais que poderiam enriquecer o debate sobre Africanidade no Brasil. Língua, tradições, música, dança e experiências sociais compartilhadas não são apenas curiosidades; são formas de resistência, identidade e pertencimento.
Reconhecer e valorizar esses laços é essencial para construir diásporas mais fortes e conexões genuínas entre Brasil e África. Expandir a visão da Africanidade no país implica incluir os PALOP na educação, na mídia e na cultura cotidiana, transformando invisibilidade em presença e curiosidade em conhecimento.
O desafio está lançado: olhar para África como ela é — diversa, plural, viva — e reconhecer que os PALOP não são apenas parceiros históricos, mas protagonistas de uma Africanidade que pulsa no Brasil, muitas vezes ignorada, mas sempre presente.
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