A representatividade é que nos fazem sentir parte do mundo. Começa pela nossa família. Se não vemos pessoas iguais a nós achamos que tem algo de errado conosco e na adolescência isso pode ser muito cruel. A falta de bonecas negras e a ausência imagens de adolescentes negros na publicidade, Youtube e revistas segmentadas só torna mais perversa a questão de invisibilidade para um público já tão carente de referências.
Assistir Raissa Santana, ser coroada como Miss Brasil 2016 para as nossas jovens é como ver uma princesa afro-brasileira ser homenageada por sua beleza. Esqueçamos todo o marketing que há por trás desse tipo de premiação e vamos lembrar que apesar do número de brasileiros que se autodeclaram negros ter aumentado, nenhuma negra ganhava o concurso de beleza há três décadas. É muito tempo.
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Voltando a questão da representatividade, Raissa não é a empregada doméstica adolescente e negra da novelinha Malhação da Rede Globo, ela é um símbolo de beleza atrelado ao luxo e glamour, tão raramente associado a nós mulheres negras. E ela não é a Beyonce, ela é brasileira. A Miss Negra estuda marketing e sabe que beleza não é suficiente para ser alguém no mundo. O cérebro é sua parte preferida do corpo. Precisamos dessas narrativas para que nossas meninas possam também sonhar em participar de concursos de beleza como muitas brancas também sonham. Nada de errado com quem gosta de coroa, afinal, sonho não se julga e se tem negra querendo ser guerreira tem as que querem ser princesa ou rainha.
As seis misses negras de cabelos crespos, Victória Esteves (Miss Bahia), Beatriz Leite (Miss Espírito Santo), Deise D’Anne (Miss Maranhão), Mariana Deny (Miss Rondônia) e Sabrina Paiva (Miss São Paulo) e a vencedora Raissa Santana (Miss Paraná) que vimos no palco do Citibank Hall, na noite histórica, de 01 de outubro, em São Paulo, nos dão a esperança de que finalmente os formadores de opinião estão reconhecendo a beleza da mulher negra brasileira. Espero que isso se reflita da nossa publicidade, visto que o alcance desse tipo de concurso ainda é baixo. No que depender das redes sociais, está evidente que a sociedade brasileira aprova a pele negra e o cabelo crespo como símbolo de beleza nacional. E que nossas meninas celebrem sua beleza também, hoje e sempre.
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