Mundo Negro

O Racismo produz uma economia do perdão que tira do ato racista sua agressividade

Por Jonathan Raymundo*

Alguém aqui defenderia ser de responsabilidade de uma menina estuprada convencer o seu estuprador que ele a estuprou? Que estuprar é horrível e ensina-lo pacientemente que não se deve estuprar? Alguém aqui defenderia que uma menina estuprada ao invés de investir na sua recuperação e proteção, deveria gastar sua energia convencendo estupradores que o estupro existe e que o estupro a feriu? Se não, porque acha que os pretos assim devem proceder? Que é de nossa responsabilidade educar branco-supremacista? Que devemos nós, povo preto, combater o racismo com educação, paciência e com fala mansa?

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Não devemos educar e convencer que o mal que nos fazem existe, que nossa dor dói. Devemos, por qualquer meio necessário, garantir que nenhum mal seja ainda feito contra nós.

Devemos nos recuperar da dor e impedir, por qualquer meio necessário, que qualquer pessoa nos leve dor. O racismo não se combate com moralidade piedosa baseada em perdão, mas com Quilombo, capoeira e toque de vodu.

Igual no Haiti, igual no Brasil, igual na África, igual nos EUA. O Racismo produz uma economia do perdão que tira do ato racista sua agressividade, fazendo dele um simples equívoco. Cometi. Fui perdoado. Resolvido.

Não há perdão se seu guarda-chuva desfilou na favela em horário de tensão. Não perdoamos o fato de não darem a Maju nenhum dia de paz desde que assumiu esse trabalho. Por fim, deixo esse poema para reflexão de nossa comunidade:

O típico homem negro

o típico homem negro
perdoador e esquecedor
se um bandido
estuprar sua mãe, esposa e filha,
te espancar sem piedade
e escapar com toda a sua propriedade.
Depois
anos depois
a lei ainda falhar para alcançá-lo
você o avista em uma festa
O que você faz?
Perdoa e esquece?
Então você é um típico homem negro,
e é por isso que temos progredido do
Conialismo para o neocolonialismo.

Naiwu Osahon (Nigéria)

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