Tivemos o Domingo de Ramos marcado pela prisão dos acusados de serem os mandates do assassinato com 4 tiros na cabeça em 14 de março de 2018, da 5ª vereadora mais votada da cidade do Rio de Janeiro nas eleições de 2016, com 46.502 votos.
Marielle Franco, mulher negra, ativista e cria da favela da Maré que a gente sabe a cor da pele de quem e por quem ela travava sua luta. “Nós estamos no processo democrático, vai ter que aturar mulher negra, trans, lésbica ocupando a diversidade.” entoou a Marielle em um dos seus discursos. E infelizmente, foram esses atravessamentos que incomodaram a ponto de ceifar a sua vida.
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Por mais que, acreditemos que a política é, e porque é, a ferramenta de transformação social, foi ela também que conduziu a impunidade do seu caso, arrastado por 6 anos numa tríade de polícia, política e crime como bem elucidou o Marcelo Freixo.
Mas não é só de dor e revolta que este crime é conduzido. Neste aparato público temos a sua irmã, atual ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que assim como tantas outras mulheres negras encabeçaram o que podemos chamar de um “contragolpe da impunidade.”
Candidaturas femininas em todo o Brasil se baseiam na trajetória de Marielle para dar continuidade à diversidade na qual se referia. “Vamos levante e lute!” parafraseando Edson Gomes é assim que se articula a resistência do movimento negro para não se perder o que já conquistou neste país. Tainá de Paula (PT), Thais Ferreira (PSOL), Karen Santos (PSOL), Laura Sito (PT), Bruna Rodrigues (PCdoB) são algumas dessas guerreiras.
O lugar da mulher negra neste país ainda é de subalternização e não protagonismo, o que se faz ainda mais importante e necessária a presença feminina nas esferas de poder pois, é a ausência dela que se apega a impunidade pois, quem espera justiça de corpos que são violentados há mais de 500 anos?
Os 06 anos de Marielle não estão distantes dos 10 anos de Cláudia Silvia Ferreira, arrastada por 350 metros num carro da Polícia Militar pelas ruas do bairro de Madureira, também no Rio de Janeiro. Quando marcamos os 06 anos de Mari é porque tememos que se aconteça o mesmo: impunidade.
O juiz Alexandre Abrahão Teixeira, do 3º Tribunal do Júri, concluiu que os policiais acusados eram inocentes. Será que se uma mulher negra estivesse a frente deste caso a sentença seria a mesma? Remetendo mais uma vez a Edson Gomes: “No campo de batalha cheira a morte, no campo de batalha a morte é mais forte.” o que pedimos aqui é que deixemos de morrer e que as rédeas deste país, em todas as suas dimensões, seja orientada pela maioria populacional, neste Brasil que é afro-brasileiro.