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Em 2023, o Brasil registrou uma redução expressiva no número de jovens entre 15 e 29 anos que nem estudam e nem trabalham, os chamados “nem-nem”. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2024, divulgada pelo IBGE, a taxa caiu para 21,2%, abrangendo 10,3 milhões de brasileiros. Em comparação com 2022, quando o percentual era de 22,3% (663 mil pessoas a mais), houve uma queda de 5,8%. Este é o menor índice da série histórica iniciada em 2012, marcando um avanço significativo.
A redução da taxa de jovens brasileiros “nem-nem” em 2023 representa um avanço significativo, mas os desafios persistentes exigem atenção e ações concretas. A recuperação do mercado de trabalho e o aumento da inclusão escolar foram fatores cruciais para essa melhora, no entanto, as desigualdades sociais profundas ainda impedem que muitos jovens tenham acesso a oportunidades de qualidade.
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Ao analisar os dados, observa-se que a redução da taxa de “nem-nem” foi mais acentuada em algumas regiões do país, evidenciando a importância de políticas públicas regionais e a necessidade de considerar as especificidades de cada localidade. Além disso, a persistência das desigualdades raciais e de gênero é evidente, com as mulheres negras e os jovens de famílias mais pobres sendo os mais afetados pelo problema.
A pandemia de Covid-19 agravou a situação de muitos jovens, intensificando a desigualdade digital e limitando o acesso à educação e ao trabalho. A retomada gradual das atividades econômicas contribuiu para a redução da taxa de “nem-nem”, mas é fundamental que as políticas públicas sejam direcionadas para garantir a permanência dos jovens na escola e a transição para o mercado de trabalho de forma segura e eficaz.
Para reduzir ainda mais a taxa de jovens “nem-nem”, é preciso investir em políticas públicas que promovam a igualdade de oportunidades, a qualidade do ensino, a geração de empregos e o desenvolvimento de habilidades para o mercado de trabalho. Programas de qualificação profissional, de apoio à primeira inserção no mercado de trabalho e de combate à evasão escolar são essenciais para garantir que todos os jovens tenham um futuro promissor.
Os dados negativos dos últimos anos , trazem alguns pontos que vale considerar: a maioria deste percentual é formado por mulheres pretas, pardas e indígenas. Diferentes motivos explicam o abandono da educação formal e do mercado de trabalho por esse público . Entre elas, o casamento e a necessidade de começar a trabalhar cedo para sustentar a família, a gravidez precoce é o principal motivo do abandono, uma vez que mais da metade das jovens nessa situação têm filhos.
Observando esses fatos, podemos fazer alguns questionamentos: o quanto o ensino e o emprego “tradicional” está frustrando os jovens nessa faixa? Que perspectiva eles têm? Ser avaliado por provas, abafando sua criatividade, sua autenticidade na escola é atrativo?
É preciso criar condições para que os jovens tenham oportunidades de emprego e, quando acessarem o ensino superior, consigam terminar a graduação, com êxito. Ou criamos políticas que abarquem esses jovens, em especial pretos, pardos e indígenas, ou os teremos cada vez mais distantes do mercado de trabalho.
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