No dia 12 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Hip Hop, movimento cultural originário do Bronx, nos guetos de Nova Iorque, na década de 1970. Os elementos centrais dessa cultura são o DJ, o MC, o Break e o Graffiti. No Brasil, o Hip Hop ganhou alcance e atenção da juventude na década de 1980, na cidade de São Paulo, aonde os primeiros grupos começaram a se reunir. Para homenagear as mulheres integrantes desta cultura, o Mundo Negro conversou com a ilustradora, designer e graffiteira Crica Monteiro sobre sua relação com essa arte. Além de falar sobre como foi ser a primeira artista deste segmento a falar sobre o tema no Youtube.
Crica conta que começou a se interessar pelo movimento na década de 90, por meio do Rap, e que mais tarde teve contato com os demais elementos da cultura até chegar ao graffiti. “Começo a me interessar pelo movimento Hip Hop em 1999, a partir de um conhecimento que o meu primo tinha sobre o grupo Racionais MC’s.” Mais tarde ela se envolveu com grupos de skate que passaram a frequentar a Casa de Cultura de Santo Amaro, e foi lá onde pode conhecer os DJs, MCs, dançarinos de Break, e finalmente os graffiteiros. “Nessa época a Casa de Cultura passou a ser usada para esses encontros, onde ocorriam danças com a galera do Break. A Casa também era frequentada pelos DJs, MCs e os graffiteiros também chegavam com umas pastas, desenhos, que chamávamos de “folhinhas”, conta ela.
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Sobre o processo de desenvolvimento de seu trabalho artístico e criativo, até tornar o graffiti também em um trabalho, ela conta que foi por meio dele que pode se formar em Design de Interface Digital e também se tornar ilustradora. Com esse empoderamento, ela entendeu que seria importante propagar o graffiti para ajudar outras pessoas. “Comecei a me envolver com projetos sociais, tanto escrevendo, quanto participando. O intuito sempre foi tentar formalizar o trabalho de graffiti, que comecei em 2001, e se tornou parte do meu trabalho em 2009.”
Até que Crica também passou a sentir a necessidade de levar mais conteúdos sobre o graffiti para o Youtube, onde ela fazia pesquisas sobre o tema, mas não se sentia contemplada pelo o que via por lá. Apesar de não ser uma pessoa tão ligada em redes sociais, entendeu que o canal poderia ser um espaço tanto para a propagação da arte, quanto como de troca com outros graffiteiros que poderiam ter seus trabalhos divulgados. “Eu sentia falta de algo que me prendesse mais no audiovisual, e aí tive a ideia de começar a registrar tanto os rolês que eu frequentava, quanto as pessoas que eu convivia nesses espaços”, conta ela.
Em 2016 ela criou o canal, sendo a primeira mulher a se aventurar por lá. Porém, a recepção do público do graffiti não foi tão positiva, principalmente pelos homens. Ainda assim, Crica seguiu com o projeto. “Com o tempo fui convidando pessoas para participarem de entrevistas comigo e as pessoas foram se soltando. A proposta é que as pessoas se sentissem mais à vontade com esse papo “em casa”. Fora isso, gosto muito de mostrar os bastidores de tudo isso. Mostrar o antes e depois, de tudo o que passamos para colocar o trabalho nas ruas. E também como uma forma de aproximar e ajudar mais pessoas a conhecerem a minha história e entenderem como elas também poderiam se tornar graffiteiras.”
A pandemia e o isolamento social, foi o ponto chave para depois de quatro anos de canal, Crica realmente se afirmar com seu projeto e ser referência para outras pessoas que passaram somente neste período a compreender o uso da internet como forma de amplificar sua arte. “Hoje com a existência dessa necessidade, eu percebo que eu sou uma pessoa que estou sempre vendo lá na frente. O canal para mim hoje é uma projeto muito importante e que tem sido muito bom para a minha carreira”, finaliza a artista.
Conheça mais sobre o graffiti no canal de Youtube da Crica:
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