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Em uma entrevista concedida ao programa Fantástico, exibido no domingo, 6, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, abordou a denúncia de importunação sexual que resultou na demissão do ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. O depoimento à Polícia Federal, realizado nesta semana, marca a primeira vez que Anielle se pronuncia publicamente sobre o caso, que veio à tona há um mês.
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Durante a conversa com a repórter Sônia Bridi, Anielle destacou a dificuldade em relatar situações de violência, afirmando que “nenhuma situação de violência é fácil, ainda mais para quem vive e para quem está ao redor”. Ela contou que inicialmente optou pelo silêncio: “A exposição indevida faz com que a gente repense, pense. Então, tem uns estágios ali que fazem você se sentir culpada, insegura, vulnerável, e eu decidi que falaria primeiro nas instâncias devidas”, comentou a ministra, que teve sua denúncia revelada em uma reportagem publicada pelo jornal Metrópoles no dia 5 de setembro. Anielle também reforçou que “Nenhuma violência cometida por um indivíduo pode resumir ou diminuir a luta e a conquista do movimento negro. Uma luta que é histórica, uma luta que é de resistência”.
Além das denúncias de outras mulheres ao Me Too Brasil, as acusações da ministra contra Silvio Almeida incluem toques inapropriados em uma reunião realizada em 16 de maio de 2023. Anielle descreveu o relacionamento entre eles como distante, afirmando: “nunca tivemos nenhum tipo de intimidade para que eu desse qualquer tipo de condição para ele fazer o que fez”. Em alguns momentos da entrevista, a ministra chegou a se emocionar, ela enfatizou que é essencial diferenciar a aproximação respeitosa de comportamentos que caracterizam assédio.
A demora na denúncia de casos de violência sexual foi tema de discussão durante a entrevista. Marina Ganzarolli, advogada de gênero e presidente do Me Too Brasil, afirmou que a revelação de tais experiências é muitas vezes um processo complexo, e não um evento isolado. Desde o início do escândalo, o número de chamadas para a organização cresceu quase 80%: “O ato de revelação nunca é um evento único e, sim, um processo. Na maioria das vezes, esse processo sequer acontece. A maioria das mulheres nunca denuncia o estupro ou a violência sexual que sofreu. Mas quando uma mulher rompe o silêncio e levanta sua voz com muita coragem e com um altíssimo custo, em especial para ela, ela inspira muitas mulheres a fazê-lo”, afirmou.
Anielle reafirmou a gravidade da importunação sexual, ressaltando que “não é normal a gente passar por isso em pleno 2024”. Ela também fez questão de frisar que a violência, independentemente de quem a perpetre, deve ser combatida. “Assédio é assédio, violência é violência”, enfatizou.
Quando as acusações chegaram à imprensa, Silvio Almeida negou todas as alegações, utilizando suas redes sociais e o site do Ministério dos Direitos Humanos para se defender. Seu advogado, Nélio Machado, declarou ao Fantástico que Almeida nega veementemente todas as referências feitas contra ele e questionou a falta de transparência no processo investigativo, alegando que a defesa ainda não teve acesso às denúncias.
Anielle Franco concluiu a entrevista refletindo sobre o impacto de sua experiência. “Eu, Anielle, não permitirei que a minha história seja resumida à violência”, afirmou, destacando sua luta por um futuro mais justo e igualitário.
OBS.: É importante ressaltar que a violência doméstica é um crime grave e que as mulheres têm o direito de denunciar seus agressores. Se você está em situação de risco, ligue imediatamente para o 190. Para denunciar e buscar apoio, entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher pelo número 180. Além disso, delegacias especializadas da mulher podem oferecer orientação e acolhimento. Lembre-se, você não está sozinha e há ajuda disponível 24 horas por dia.
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