Texto por Ana Cipriano *
Ao longo desse mês, por conta do setembro amarelo, muito tem se falado sobre prevenção de suicídio e saúde mental em geral.
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Boa parte das abordagens sobre o assunto destacam a importância de procurar ajuda ou de reconhecer que a depressão é uma doença, e assim sendo deve ser tratada sem o peso do julgamento ou da estigmatização de que é “frescura”, “falta de vergonha na cara”, “falta de Deus”, entre outras argumentações que só aumentam o sofrimento de quem tem esse diagnóstico.
Entretanto, fala-se um pouco menos do peso na nossa saúde mental dos fatores ligados à vida em sociedade.
As interações sociais, dependendo de como se estabelecem, podem ser positivas ou negativas para o funcionamento do cérebro e para o controle das emoções.
Situações que caracterizam conflito, sejam elas com violência física ou psicológica, são entendidas pelo nosso corpo como situações de estresse, sendo capazes de nos colocar em um estado alterado, prejudicial à saúde.
O estresse é cientificamente apontado como um fator que desencadeia, além da depressão, outros transtornos mentais, como por exemplo o de ansiedade.
Diversos estudos vêm relacionando o racismo a um maior índice de suicídio e depressão em negros. Se olharmos da perspectiva que o racismo é uma violência psicológica ‒ com alguns casos chegando à violência física também ‒, temos toda uma parcela da sociedade sob constante estresse social, o que afeta diretamente sua saúde mental. Infelizmente os números no Brasil só reforçam essa hipótese.
Para a comunidade negra pensar em saúde mental e prevenção ao suicídio passa obrigatoriamente por pensar no enfrentamento e não naturalização do racismo.
Ana Cipriano é Farmacêutica-Bioquímica de formação e Doutora em Ciências. Durante 10 anos dedicou-se às pesquisas sobre neurociência e comportamento, sendo seu doutorado sobre a relação do estresse social e transtornos de ansiedade. Atualmente presta orientação complementar e outros serviços para graduandos e pós-graduandos através da “Eureka! – Consultoria Acadêmica”.
Para saber mais sobre:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/obitos_suicidio_adolescentes_negros_2012_2016.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1125019/
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S030646031400272X
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