Em janeiro de 2009, nas primeiras horas daquele ano, Oscar Grant, homem negro de 22 anos de idade foi baleado e morto por um policial na Estação de metrô Fruitvale Station, Oakland. É com as imagens reais desse assassinato que o longa estrelado por Michael B Jordan começa.
“Fruitvale Station” é o primeiro longa-metragem dirigido por Ryan Coogler, que viria a dirigir ‘Pantera Negra’ e ‘Creed’ (ambos com B Jordan) e foi premiado em diversos festivais independentes pelo mundo. O filme acompanha as últimas 24 horas de vida de Grant e nos oferece um um retrato doloroso do quanto a sociedade norte-americana continua a repetir ciclos de racismo e violência policial.
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Grant liga para mãe,Wanda, interpretada por Octavia Spencer, beija a namorada,recebe ligação da irmã que precisa de ajuda, fala com os amigos, tenta recuperar o emprego e tenta não cair na de vez no mundo da compra e venda de drogas ao mesmo tempo que está precisa ser pai de uma criança que não tem como sustentar. Um dia normal na vida de muitos jovens pretos sem boas oportunidades.
A história de Oscar Grant, infelizmente, é de uma familiaridade universal até hoje e Ryan Coogler fortalece a intimidade com o personagem de Jordan por meio do uso de uma câmera nervosa, que faz com que o filme pareça um documentário. O tom dramático ganha poder com as excelentes atuações de Octavia Spencer (‘Histórias Cruzadas) e Jordan (‘Creed‘).
Octavia traz para sua Wanda a compreensão maternal de uma mãe que teme por seu filho e o ama incondicionalmente. Se o filme tivesse tido lobby de um grande estúdio na época, ela poderia ter levado o Oscar sem risco de injustiça aos outros concorrentes. Mas é Michael B Jordan que apresenta aqui uma das melhores atuações da carreira. Natural em todas as reações. Dos rompantes de fúria às dúvidas, o ator, na época com 26 anos, mostra talento artístico digno de veterano e segura bem a trama, que em alguns momentos apela para manipulação emocional dispensável. Essa tentativa de levar o espectador para o caminho da comoção por meio de algumas cenas como mostrar o personagem chorando por um cachorro atropelado se mostram desnecessárias, uma vez que a história real, por si só, já é forte e comovente.
A meia hora final da projeção é intensa e difícil não chegar às lágrimas com o desfecho. Quando Oscar e seus amigos chegam na famigerada estação não tem como torcer para um final diferente ainda que se saiba o que vai acontecer. A vontade é de tentar mudar o mundo real por meio da tela. A aparição truculenta dos policiais faz com que a apreensão se misture com a raiva e Jordan imprime no olhar o medo que provavelmente Oscar sentiu em seus últimos momentos de vida. A atuação sofrida, mas sem exageros de Spencer são de cortar o coração.
“Fruitvale Station” é envolvente e dramático. Ao fim sobra o nó na garganta e a infelicidade de saber que nada mudou desde a morte de Oscar Grant
Disponível no Amazon Prime Video.
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