
A NAACP, a mais antiga organização de direitos civis dos Estados Unidos, publicou um guia para incentivar consumidores negros a direcionar seu poder de compra para empresas que mantiveram compromissos com programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) diante de pressões conservadoras. O guia, divulgado no sábado (15), lista marcas que reverteram, como o Walmart e McDonald’s, ou mantiveram suas políticas de DEI, como Apple e Ben & Jerry’s, em um esforço para promover o avanço social e econômico da comunidade negra após ações de Donald Trump contra essas iniciativas no governo dos EUA.
De acordo com o Instituto McKinsey para Mobilidade Econômica Negra, os negros americanos devem consumir quase US$ 2 trilhões em bens e serviços até 2030. “A diversidade é melhor para o lucro líquido”, afirmou Derrick Johnson, presidente da NAACP, em comunicado exclusivo à Associated Press. “Em uma economia global, aqueles que rejeitam a natureza multicultural do consumismo e dos negócios serão deixados no passado em que estão vivendo.”
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O guia, chamado Black Consumer Advisory, não propõe um boicote, mas encoraja consumidores de todas as origens a apoiar empresas alinhadas com seus valores. Keisha Bross, estrategista econômica da NAACP, destacou que a iniciativa visa a fortalecer o poder econômico da comunidade negra. A organização também está em diálogo com empresas que recuaram em suas políticas de DEI, como Lowe’s, Target, Walmart, Amazon, Meta, McDonald’s e Tractor Supply. A NAACP promete atualizar o guia conforme as companhias reafirmarem ou abandonarem seus compromissos com a diversidade.
Entre as empresas elogiadas por manterem suas iniciativas estão Costco, Apple, Ben & Jerry’s, Delta Airlines, elf Cosmetics e JPMorgan Chase & Co.
Pressão conservadora e resistência
O movimento ocorre em um contexto de crescente pressão contra políticas de DEI, impulsionada por setores conservadores e governos estaduais liderados por republicanos. Após assumir seu mandato, o ex-presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva para eliminar o que chamou de “preferências e discriminações ilegais” no governo e no setor privado, incluindo programas de DEI.
Em fevereiro, um grupo que incluía o prefeito de Baltimore e uma associação de professores universitários processou a administração Trump, alegando que as diretivas violavam leis de direitos civis.
No setor privado, empresas como Comcast, Starbucks, Apple e Coca-Cola enfrentam desafios legais e pressões de acionistas sobre suas práticas de DEI. A NAACP alerta que algumas companhias têm eliminado cargos de diretores de diversidade, reduzido investimentos em comunidades negras e abandonado padrões de diversidade de fornecedores.
Impacto econômico e social
O estudo da McKinsey também revelou que comunidades negras têm menos acesso a bens e serviços de grandes empresas, o que reforça a importância de iniciativas como o Black Consumer Advisory. Johnson enfatizou que o guia oferece uma estrutura para decisões de consumo informadas. “Se as corporações querem nossos dólares, é melhor que estejam prontas para fazer a coisa certa”, disse ele.
A NAACP espera que o guia não apenas oriente consumidores, mas também pressione empresas a reafirmarem compromissos com a diversidade e a inclusão, em um momento em que essas políticas são cruciais para o progresso social e econômico.
Enquanto isso, litígios envolvendo DEI continuam a se multiplicar, com casos recentes movidos pela Comissão Federal de Comunicações contra a Comcast e pelo estado do Missouri contra a Starbucks. O debate sobre o futuro dessas políticas promete permanecer no centro das discussões sobre direitos civis e justiça econômica nos Estados Unidos.
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