Um dos 15 pontos de memória que compõem a Pequena África – nome dado por Heitor dos Prazeres a uma região do Rio de Janeiro compreendida pela zona portuária -, o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), vizinho ao Cais do Valongo (Patrimônio Mundial), na Gamboa, será inaugurado na próxima terça-feira (23/11), depois de quatro anos. É que o espaço foi criado em 2017, via decreto, mas nunca funcionou como tal.
À época, o Muhcab foi idealizado para ser um braço do centro de interpretação que ainda será criado para catalogar o acervo arqueológico encontrado naquela região. Foi definido como um museu de tipologia híbrida: museu de território, museu a céu aberto, museu de responsabilidade social e museu histórico, situado na Pequena África, que tem como marco zero o Cais do Valongo. Região com papel fundamental no resgate, na preservação e revitalização da memória afro-brasileira.
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No equipamento, o público terá a chance de conferir algumas das obras do acervo, que guarda aproximadamente 2,5 mil itens, entre pinturas, esculturas e fotografias, além de trabalhos de artistas plásticos contemporâneos, que dialogam com o espaço. Por ser um museu de território, as edificações e os elementos urbanos também são catalogados como acervo territorial.
As peças passaram por higienização, algumas também por pequenos restauros e ou ganharam uma nova moldura. Duas telas do acervo são destaque na exposição “Protagonismo: memória, orgulho e identidade”, que marca a retomada: “Árvore Calcinada”, de Nelson Sargento; “Sambistas”, de Heitor dos Prazeres, e uma criada especialmente para o novo espaço expositivo (sem título), de Artedeft, artista que utiliza pintura e colagem digital para expor a realidade urbana e periférica.
Em maio deste ano, o Muhcab ganhou um site fruto de uma cooperação internacional da Prefeitura do Rio com a Unesco, via Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com o projeto Territórios Negros: rio.rj.gov.br/web/muhcab.
A VISITAÇÃO
A visitação começa na entrada, onde tem uma carranca dando as boas-vindas. Na primeira sala, nomeada Conceição Evaristo, um mapa gigantesco na parede mostra as rotas do tráfico de escravos da África para o Brasil. O destaque ali, no entanto, é a instalação “Tecendo raízes”, uma ciranda com tecidos africanos para contar as origens dos povos ancestrais.
Em seguida, na sala Agnaldo Camargo, uma série de plantas com fins de cura, cada uma relacionada a um orixá, além de esculturas em barro dos mesmos orixás, feitas por Carmem Barros.
Na sala Grande Otelo, textos e fotos sobre temas como o mito da democracia racial, ditadura e resistência. O destaque são três telas de Nelson Sargento, o baluarte da Estação Primeira de Mangueira, e também um acervo fotográfico com imagens da atriz Ruth de Souza e do Teatro Experimental do Negro (TEN).
A sala do Educativo leva o nome de Mestre Marçal e terá atividades com crianças e adolescentes. Por último, a sala Abdias do Nascimento traz uma linha do tempo e vídeos com a história do Muhcab e uma obra interativa onde o visitante pisa no território conhecido como Pequena África.
No auditório, a ideia é promover encontros, palestras, seminários e debates. O pátio será palco de rodas de samba, jongo e outros ritmos, além de ponto de encontro, com comes & bebes inspirados na culinária afro.
MUHCAB – Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira: Rua Pedro Ernesto 80, Gamboa. Qui a sab, das 10h às 16h. Grátis. Livre.
PROGRAMAÇÃO – NOVEMBRO NEGRO
TERÇA (23/11)
12h às 12h15 – Toque de abertura com o Ogã e percussionista Kotoquinho, que faz uma apresentação de atabaque.
13h30 às 16h – Roda de samba – Tributo a Zé Ketti, com membros da família Ketti Meireles.
14h – Teatro: Cia Cerne apresenta o espetáculo “Turmalina 18 – 50”, sobre João Cândido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata, personagem marcante na luta por igualdade racial no Brasil.
16h – Roda de Jongo com o Fuzuê d’Aruanda, grupo que leva para as ruas de Madureira os ritmos e as danças da cultura popular.
QUINTA (25/11)
18h – Roda de samba com o grupo Mulheres do Samba Notícias, um coletivo nacional de comunicação de mulheres do samba.
SEXTA (26/11)
18h – Roda de samba com o grupo Awurê – termo iorubá que significa um desejo de boa sorte -, de Madureira. Toca ritmos brasileiros como variações do samba, jongo, ijexá, coco, maracatu e toques do candomblé, além de estilos musicais dos países vizinhos, como candombe e salsa.
SÁBADO (27/11)
16h – Roda de conversa com o carnavalesco Leandro Vieira e a pesquisadora Helena Teodoro, sobre o tema “Enredos e identidades negras”.
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