
Um símbolo da arte e culturas africanas e afro-diaspóricas no mundo, o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo está sendo alvo de denúncias graves como a prática de pessoalismo, pouca transparência e pessoas em cargos de poder que são contra a diversidade e o protagonismo negro, divulgada em carta aberta do Hélio Menezes, que ocupou a Direção Artística da instituição por um ano e cinco meses.
O curador anunciou a sua demissão, além da renúncia dos conselheiros Wellington Souza e Rosana Paulino. “Se nossos trabalhos criativos, nossas articulações políticas, estéticas e intelectuais não conseguem atingir o tutano do poder institucional, por que prosseguir?”, iniciou o texto publicado nas redes sociais, nesta quarta-feira (25).
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Hélio contou sobre os avanços conquistados durante sua gestão, junto com outros profissionais, como a produção de mais de uma dezena de exposições temporárias, o primeiro inventário da história do museu e a criação da Rede de Acervos Afro-Brasileiros, que conecta espaços culturais negros em todo o Brasil.
“Assumi essa função com o compromisso de contribuir para a reestruturação de um museu que enfrentava graves fragilidades em todas as suas diversas áreas de atuação, para além da dimensão artística”, destacou.
Apesar dos bons resultados, segundo o curador, o processo de reestruturação encontrou barreiras profundas: “Enfrentar estruturas decisórias consolidadas por práticas marcadas por informalidade, pessoalismo e pouca transparência, ainda majoritariamente compostas por perfis alheios à diversidade e ao protagonismo negro que o Museu representa (ou deveria representar), sem envolvimento com o mundo das artes plásticas e visuais, revelou-se uma coreografia impossível de habitar”, afirmou.
Sua demissão ocorreu em meio a um delicado processo de saúde. “A deliberação e o anúncio da minha destituição ocorreram durante um período de grave problema de saúde, ao longo de uma internação hospitalar delicada e de convalescença ainda em curso, sem a observância de práticas institucionais que prezem por critérios mínimos de respeito e cuidado, e distantes de qualquer protocolo ético desejável”, relatou com mais denúncias.
Rosana Paulino e Wellinton Souza, que renunciaram ao Conselho de Administração da Associação do Museu Afro Brasil, estavam entre as poucas pessoas negras com poder real de decisão dentro da instituição, segundo o comunicado.
Com a saída das lideranças negras, houve recuo de artistas, instituições culturais e parceiros que haviam firmado compromissos para o biênio 2025/26, afetando projetos, doações de obras e o plano de reestruturação da exposição de longa duração do museu.
Apesar do tom de despedida, Hélio finaliza com esperança de que o projeto visionário de Emanoel Araujo, o fundador do Museu, possa florescer sob novas formas de governança, à altura de sua importância simbólica. “Não o deixemos morrer em vida”, alerta.
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