Mural que exalta a mulher negra corre o risco de ser apagado por ser de “gosto duvidoso”

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Mural que exalta a mulher negra corre o risco de ser apagado por ser de “gosto duvidoso”

Quem passa pelas ruas do Centro de Belo Horizonte já sabe que alguns dos principais prédios da capital estão tomados de cores. Mas um deles, o edifício Chiquito Lopes, pode perder toda a cor por conta de uma ação judicial. Segundo o Cura (Circuito Urbano de Arte), um único morador do prédio afirma que a pintura “é uma decoração de gosto duvidoso” e briga para que a arte seja apagada.

A obra em questão trata-se do mural feito pela artista mineira Criola, uma mulher preta e influente ativista na capital, que desenhou a pintura Híbrida Ancestral – Guardiã Brasileira. Ela retrata uma mulher negra com uma cobra coral em um útero. A pintura faz parte do CURA e foi feita no final do ano de 2018, e início de 2019.

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Infelizmente eu não recebi isso como surpresa. Porque sinceramente quem é preto no Brasil tá infelizmente cansado de vivenciar várias questões relacionadas ao racismo, ignorância e preconceito. Meu sentimento é que estou no caminho certo, estou incomodando quem tem que ficar incomodado mesmo pra modificar as atitudes”, comenta Criola.

Pelas redes sociais, o Cura se manifestou e diz que seguiu todos procedimentos para a contratação da obra junto ao Condomínio Chiquito Lopes. Além disso, explica que assumiu não só a realização da pintura mas também a reforma da fachada lateral do local. “O Síndico submeteu a questão ao Conselho Consultivo do Condomínio que decidiu pela aprovação da obra”, afirma trecho da nota.

O Cura, por meio das advogadas do Coletivo Margarida Alves (assessoria jurídica popular), entrou no processo como parte interessada, na qualidade de assistente dos réus, e já apresentou as razões de fato e de direito pelas quais entendem que o processo deve ser julgado improcedente. “Esses dizeres podem ser interpretados como expressão do racismo estrutural, por se tratar de uma obra afro-centrada de uma artista descendente da diáspora africana”, diz o comunicado. A ação é pública e corre na 22ª Vara Cível de Belo Horizonte e, segundo o advogado Joviano Mayer, o processo está concluso para sentença e aguarda julgamento.  

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