Um estudo recente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) expôs uma realidade alarmante: mulheres negras no Brasil têm quase o dobro do risco de morrer durante o parto ou no pós-parto em comparação com mulheres brancas ou pardas. A pesquisa, que investigou a taxa de mortalidade materna por raça entre 2017 e 2022, incluindo o período da pandemia de Covid-19, revela as profundas disparidades raciais que persistem no sistema de saúde brasileiro.
Os dados do estudo pintam um quadro preocupante: a taxa de mortalidade materna para mulheres negras no Brasil é de 125,8 mortes por 100 mil nascidos vivos, enquanto para mulheres brancas e pardas, o índice é de 64 mortes. Essa disparidade se intensifica na região Norte do país, onde mulheres negras apresentam um índice de mortalidade materna de 186 mortes por 100 mil nascidos vivos, sem diferença significativa em relação às mulheres pardas na mesma região.
Notícias Relacionadas
Após declaração de Denzel Washington, executivos da Marvel Studios confirmam Pantera Negra 3
Com 40 juízas negras nomeadas, governo Biden quebra recorde histórico no judiciário dos EUA
Raízes do Problema: Racismo estrutural e falta de acesso à saúde de qualidade
Para a Folha de São Paulo, a professora Fernanda Garanhani Surita e equipe, apontam o racismo estrutural como a principal causa dessa disparidade. Mulheres negras enfrentam diversas barreiras no sistema de saúde, como:
- Dificuldade de acesso à saúde de qualidade: Falta de unidades de saúde adequadas em áreas com predominância de população negra, longas filas de espera e carência de profissionais qualificados.
- Falta de cuidado qualificado: Menor qualidade na atenção recebida durante o pré-natal, parto e pós-parto, com negligência, descaso e até mesmo maus-tratos.
- Menor acesso à pré-natal adequado: Dificuldade em agendar consultas, falta de acompanhamento pré-natal completo e ausência de informações adequadas sobre os cuidados necessários durante a gestação.
Embora estudos anteriores já tivessem demonstrado maior risco de morte por Covid-19 para a população negra, os dados da pesquisa da Unicamp comprovam que, no caso da mortalidade materna, a disparidade racial é ainda mais profunda e preexistente à pandemia. A crise sanitária apenas intensificou as desigualdades já existentes, expondo ainda mais a vulnerabilidade das mulheres negras.
Diante desse cenário alarmante, o estudo da Unicamp reforça a necessidade urgente de ações efetivas para combater o racismo estrutural no sistema de saúde brasileiro. As autoras propõem medidas como:
- Fortalecimento das políticas públicas: Implementação de ações concretas para garantir o acesso universal à saúde de qualidade para todas as mulheres, independentemente da raça/cor.
- Combate ao racismo em todos os níveis: Reconhecimento e combate ao racismo estrutural em todas as etapas da atenção à saúde, desde o pré-natal até o pós-parto.
- Melhoria na qualidade da atenção: Investimento na qualificação dos profissionais de saúde e na humanização do atendimento, com foco na detecção precoce de morbidade materna e tratamento adequado de condições potencialmente fatais.
- Ampliação do acesso à informação: Garantia de acesso à informação de qualidade sobre os direitos das mulheres durante a gestação, parto e pós-parto, com foco na população negra.
Referências:
Notícias Recentes
Sueli Carneiro se torna a primeira brasileira reconhecida como cidadã beninense
Iza anuncia lançamento de música e clipe em homenagem à sua filha, Nala