Em uma área ainda muito branca e elitizada, a dentista Paula Regina Ávila, moradora de Uberaba, Minas Gerais, se destacou no final de 2023 ao receber o prêmio de “Melhor Dentista do Mundo” na 13ª edição do prêmio criado pela ONG Turma do Bem. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, quem lhe entregou o prêmio em mãos, durante cerimônia emocionante.
“Confesso que não esperava, me senti muito surpresa, mas extremamente feliz. Agora, sinto uma responsabilidade ainda maior de fazer parte dessa turma do bem e contribuir para ajudar mais pessoas em Uberaba e em outras regiões”, disse Paula em entrevista para a Rádio USP, publicada nesta semana.
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O prêmio tem o objetivo de reconhecer o trabalho de profissionais da área odontológica e contou com a participação de dez competidores. Para chegar a um vencedor, um júri composto pelos membros do projeto, considerou critérios como número de atendimentos, presença na imprensa, captação de recursos e mobilização do poder público para a promoção de políticas públicas na área.
Suas áreas de atuação são odontopediatria, ortopedia funcional dos maxilares e ortodontia, e inclui na sua trajetória acadêmica, a especialização pela Unesp, além de mestrado e doutorado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP.
Apesar da carreira bem consolidada, Paula revelou que houve momentos em que acreditava que alguns espaços não lhe cabiam, como o mestrado e doutorado. “Sempre fui a única negra em congressos, hoje há mais negros ingressando no ensino superior, mas depois da graduação são poucos que avançam, que têm acesso à educação continuada”, contou.
Em seu consultório, Paula realiza trabalho voluntário de forma individual, e atualmente é coordenadora regional da ONG Turma do Bem, com a responsabilidade de cadastrar novos profissionais voluntários para atender na região de Uberaba. O projeto oferece atendimento odontológico gratuito à população de baixa renda em condição de vulnerabilidade social e com graves problemas bucais em todo o país. Os dois públicos principais são: jovens de 11 a 17 anos e mulheres vítimas de violência de gênero que tiveram a dentição afetada.
Durante a entrevista, Paula também destacou a importância do trabalho coletivo. “Quando a gente trabalha junto, acaba vendo mais resultados e ser um Dentista do Bem vai além de uma profissão para nosso sustento. É uma maneira de encontrar felicidade, ajudar o próximo e ter um retorno humano imensurável”. E completa: “Pertencer a um grupo onde há reconhecimento pelo trabalho e conduta profissional é a melhor sensação da vida”.
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