
Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou em janeiro um trabalhador submetido a condições análogas à escravidão em uma granja no município de Nova Ponte, em Minas Gerais. O homem era responsável por cuidar de uma área com capacidade para 40 mil aves, e que fornecia para a Seara Alimentos, empresa do grupo JBS, líder nacional no setor de carnes.
De acordo com matéria publicada pelo Repórter Brasil, a denúncia partiu da Polícia Federal, que apurou que o trabalhador, em situação de vulnerabilidade após ser demitido de um emprego na área de reciclagem e enfrentar risco de despejo, foi recrutado pelo dono da granja, Vilson Aguiar Ribeiro. Segundo o MTE, ele foi explorado em troca de alimentação e moradia em um alojamento sem mobília, onde sequer havia cama.
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O relatório da fiscalização, obtido pela Repórter Brasil, descreve jornadas exaustivas de até 20 horas ininterruptas, incluindo tarefas como encher bebedouros durante a madrugada, queimar lenha para aquecer os aviários e retirar aves mortas. Ribeiro pagou R$ 5,5 mil em salários e verbas rescisórias após a intervenção.
A granja mantinha contrato com a Seara, que fornecia pintinhos para criação e recebia os frangos prontos para abate. O documento do MTE afirma que representantes da JBS visitavam o local semanalmente para inspecionar a qualidade dos animais, mas ignoraram as violações trabalhistas.
O ministério criticou a empresa, destacando que, apesar de declarar em seu site o compromisso com direitos humanos e diálogo com fornecedores, a prática “não passa de uma mera ficção retórica para ludibriar clientes e certificadoras”. A JBS não se manifestou até a publicação desta reportagem. Ribeiro não foi localizado para comentários.
Este é o segundo caso de trabalho escravo na cadeia avícola em 2025. Em março, 35 indígenas de Amambaí (MS) foram resgatados em Pedreira (SP), onde trabalhavam em granjas da região. O MPT relatou alojamentos superlotados, com dormitórios improvisados em varandas e cozinhas, e alimentação restrita a arroz. Uma empresa terceirizada, não identificada, era responsável pela contratação e prestava serviços a um frigorífico paulista.
A JBS e Vilson Aguiar Ribeiro não se pronunciaram.
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