
Maria Paulina, conhecida como Vó Tutu, faleceu nesta terça-feira, segundo comunicado publicado nas redes sociais de seu projeto. Reconhecida nacionalmente pela atuação no Jardim Lapena, zona leste de São Paulo, ela transformou a dor da perda e das dificuldades em uma obra de solidariedade que alimentou milhares de pessoas durante a pandemia e além.
O início de sua trajetória com o pão começou em um momento de desespero, após o fechamento do restaurante que havia montado com esforço. Sozinha em seu quarto e buscando respostas em oração, contou que ouviu uma voz dizendo: “faz pão, mulher”. A partir dali, Vó Tutu encontrou força para recomeçar e transformar sua cozinha em um centro de acolhimento comunitário. Seu neto filmou o início da empreitada, e a gravação viralizou, impulsionando uma rede de apoio formada principalmente por moradores da própria periferia.
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Diariamente, ela e sua equipe chegaram a produzir entre 2.400 e 2.800 pães, distribuídos gratuitamente às famílias em situação de vulnerabilidade. O impacto de sua atuação, no entanto, ia além do pão: o espaço criado por ela oferecia apoio psicológico, doações de alimentos, equipamentos médicos e oficinas para mães aprenderem a fazer pão em casa. Sempre ao lado da família e de voluntários, Vó Tutu acreditava na educação e no cuidado como ferramentas para transformar realidades.
Mesmo com problemas de saúde, como dores nos pés e um episódio de derrame em um dos dedos, ela nunca deixou de trabalhar. “Hoje eu sou uma pessoa diferente. O pão me fez diferente, o povo me fez diferente”, dizia em entrevistas. Seu trabalho chegou a ser reconhecido por diferentes iniciativas sociais e por veículos de comunicação, mas sua motivação sempre foi o coletivo: “ninguém é tão pobre que não possa ajudar”.
A morte de Vó Tutu representa uma grande perda para o ativismo comunitário brasileiro. Seu legado segue vivo na memória de quem foi tocado por sua ação direta, generosa e feita com amor.
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