
A escritora, artista plástica e liderança comunitária Jacira Roque de Oliveira, conhecida como Dona Jacira, morreu nesta segunda-feira (28), aos 60 anos, em São Paulo. Ela estava internada em um hospital da capital paulista. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas Dona Jacira convivia com Lúpus e realizava hemodiálise há mais de 25 anos. A informação foi confirmada por amigos da família à revista Marie Claire.
Mãe do Emicida e do Evandro Fióti, além de Katia e Katiane, Dona Jacira construiu uma trajetória marcada pela resistência, afeto e sabedoria ancestral. Nascida e criada na zona norte de São Paulo, ela primeiro ficou conhecida pelo público dos filhos, mas logo conquistou seu espaço como referência em arte, literatura e cuidado coletivo.
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Sobrevivente de uma trajetória marcada por dores, Dona Jacira reinventou sua história a partir da maturidade, mergulhando na arte, nas raízes negras e na valorização dos saberes populares. Ela bordou para a coleção Herança (2017), da Lab Fantasma — marca de moda criada pelos filhos —, lançou sua autobiografia Café (2018), criou uma linha de bonecas feitas com retalhos descartados e também comandou um podcast “Café com Dona Jacira” sobre reflexões da vida.
Em 2023, quando quando lançou a segunda temporada do podcast, o Mundo Negro participou da coletiva de imprensa em sua casa, junto a outros jornalistas negros. Onde ela reafirmou ser uma “contadora de estórias”.
“Como eu sou uma contadora de estórias, eu estou sempre tendo que voltar lá atrás para entender como eu nasci, o que foi que fizeram comigo, porque eu sou a única testemunha que a cada vez que alguém me dizia ‘você não vai escrever’, ‘você nasceu para ser isso’, isso e isso’, essa voz me dizia ‘não é isso’. E foi preciso que eu crescesse e que depois que eu tivesse os filhos, e que eu passasse por uma série de coisas e os meus filhos começam cada um deslanchando para suas vidas e eu já havia jogado a toalha. Então eu disse, ‘bom, eu preciso ser aquilo que as pessoas querem que eu seja’. Então eu fui estudar, fui fazer enfermagem. Mas tem uma outra questão, toda vez que eu tomo um caminho que não é meu, Exu me diz assim ‘não é por aí’. Então eu fiquei 3 anos na enfermagem, dois anos ali, três anos ali. E toda hora essa voz dizendo ‘você vai melhorar’. E eu queria estudar. Eu não tinha livros. Os livros na minha casa, eles começam a chegar na minha casa desde então”, contou.
Dona Jacira se tornou um símbolo de força, memória e ancestralidade.
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