Para ser inclusiva a moda deve atender todos os públicos, respeitando a diversidade de corpos, tamanhos e não impondo limites ou barreiras às possibilidades de produzir roupas que sejam confortáveis e que proporcionem bem-estar para quem usa.
Em 2017, um incômodo observacional transformou a trajetória de Grace Santos, então empregada CLT, que passou a notar a ausência de representatividade de corpos diversos, especialmente de pessoas com deficiência, no cenário da moda. Esse desconforto foi o ponto de partida para a criação da Encantiê Concept Br, marca que desde então se dedica a produzir roupas inclusivas, pensadas especialmente para pessoas com deficiência.
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Além da produção de peças adaptadas, a Encantiê Concept Br tem como princípio inserir pessoas com deficiência em todo o processo, desde a criação até a fotografia e edição de campanhas. “Quando mostro um corpo com deficiência para o mundo, estou mostrando que quem fotografou ou editou foi uma pessoa com deficiência. Isso é importante para criar oportunidades que vão além das passarelas e fotos comerciais”, pontua Santos.
Grace acredita que a moda inclusiva impacta diretamente a autoestima e confiança de pessoas com deficiência, proporcionando-lhes voz e visibilidade em um movimento ainda segregado, mas em expansão. Quanto ao futuro da moda inclusiva, ela é otimista, apesar de reconhecer que grandes mudanças estruturais podem demorar a acontecer. “Já tivemos avanços, com pessoas com deficiência em campanhas e passarelas, mas ainda é necessário inserir o Braille, QR codes e outras adaptações nas roupas de varejo e em produtos físicos.”
A fundadora da Encantiê Concept Br lembra como deu os primeiros passos para criar sua empresa e empreender por meio da moda inclusiva: “Eu não sabia costurar, fazer croquis, nem mesmo como conduzir uma marca, mas sabia que precisava começar pelas pessoas”, afirma Grace. Seu primeiro desafio foi conquistar a confiança de pessoas com deficiência, aproximando-se de suas realidades e entendendo melhor suas necessidades. A partir daí, começou a jornada de fundar e gerir uma marca de moda inclusiva, enfrentando obstáculos como os altos custos de produção. Para superar essa barreira, Grace aprendeu a costurar, o que permitiu reduzir despesas e, consequentemente, o preço final dos produtos.
Ela ressalta que, mesmo operando com recursos limitados, a marca desempenha um papel fundamental ao abrir portas para outras empresas reconhecerem e desenvolverem talentos com deficiência. “Eu faço o que posso com o que tenho, mas faço”, conclui.
A iniciativa de Grace Santos reflete um avanço no campo da moda inclusiva, ainda em fase de crescimento no Brasil, mas com potencial de promover transformações significativas na vida de muitas pessoas.
Esse conteúdo é fruto de uma parceria entre Mundo Negro e Instituto C&A.
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