No próximo dia 23 de setembro, o Museu do Amanhã, localizado no centro do Rio de Janeiro, será o palco do lançamento de um novo livro que lança luz sobre as complexas causas da migração haitiana para o Brasil. Intitulado “Acesso à Justiça: Reafirmando os direitos para as populações haitianas no Brasil”, esta obra é o resultado de uma pesquisa acadêmica conduzida pela Universidade Internacional das Periferias (UNIperiferias) em colaboração com o Mideq Hub e o People’s Palace Projects do Brasil.
Os autores do livro, Ismane Desrosiers e Heloisa Melino, abordam uma ampla gama de tópicos relacionados à migração haitiana, incluindo desigualdade de gênero, desafios enfrentados pelas crianças migrantes, questões de pobreza e disparidades de renda, bem como as percepções, conhecimentos e tomadas de decisão dos migrantes haitianos.
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A migração Sul-Sul, que envolve movimentos populacionais entre países do Sul Global, é o pano de fundo para a história da migração haitiana. Esta migração é caracterizada por fluxos de pessoas que se deslocam de um país em desenvolvimento para outro dentro da mesma região, em contraste com a migração Sul-Norte, que envolve a movimentação de indivíduos das regiões do Sul para países desenvolvidos do Norte Global.
Ismane Desrosiers, doutorando em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador da UNIperiferias, argumenta que embora o terremoto no Haiti tenha sido um fator motivador, a explicação por trás da migração haitiana é muito mais complexa. Ele ressalta que o Haiti já enfrentava desafios socioeconômicos significativos, como altas taxas de desemprego e dificuldades em melhorar as condições de vida, antes mesmo do terremoto.
Além disso, o Brasil, em um período de crescimento econômico, atraiu muitos haitianos em busca de oportunidades de trabalho. Desrosiers enfatiza que “o terremoto desempenhou um papel na migração, mas, ao analisar mais profundamente, percebemos que outros países, como o México e o Japão, também experimentaram terremotos, mas não viram um fluxo de imigrantes similar. Isso ocorre porque as motivações dos haitianos para virem para o Brasil são multifacetadas e vão além do terremoto”.
O livro também destaca que a migração haitiana é motivada principalmente pela busca de oportunidades e melhores condições de vida no Brasil, especialmente após o terremoto que devastou o país. Além disso, o Brasil é frequentemente utilizado como um país de trânsito para os haitianos que têm como destino final outros países, como Estados Unidos e o Canadá.
A obra também aborda os desafios enfrentados pelos migrantes haitianos, como a barreira da língua ao chegar a um país com uma língua diferente, dificuldades na obtenção de emprego devido à falta de reconhecimento de suas qualificações acadêmicas e a escassez de empregos estáveis após a crise econômica no Brasil em 2014.
No que diz respeito à moradia, o livro destaca a dificuldade de encontrar habitação adequada, uma vez que um emprego seguro é muitas vezes uma condição para alugar um lar. Além disso, muitos haitianos não tinham acesso ao programa habitacional brasileiro “Minha Casa Minha Vida” devido à falta de recursos financeiros.
Quanto à segurança alimentar e mobilidade, os migrantes haitianos enfrentam desafios semelhantes aos brasileiros que vivem em áreas periféricas, uma vez que a maioria não reside no centro, resultando em dificuldades de mobilidade para o trabalho e em casa.
O livro “Acesso à Justiça: Reafirmando os direitos para as populações haitianas no Brasil” estará disponível para compra no site da Editora Periferias.
SERVIÇO
Data: 23/09/2023
Horário: Das 09h30 às 14h
Local: Museu do Amanhã — Praça Mauá, 1 – Centro, Rio de Janeiro
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