Por Ivair Augusto Alves dos Santos

Uma das personalidades mais importantes do mundo tem passado desapercebida pela imprensa brasileira: Mia Mottley, a primeira Ministra de Barbados. Suas atividades políticas têm repercutido no debate internacional sobre o papel das instituições financeiras globais nas mudanças climáticas.

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Mottley é uma mulher negra com ideias revolucionárias, proveniente da pequena ilha de Barbados, que possui uma área de apenas 432 km², menor do que o município de Porto Alegre (495 km²). Sendo uma região frequentemente afetada por tempestades intensas, Barbados é considerado um exemplo de país altamente vulnerável aos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas.

O Presidente da França, Emmanuel Macron, por inspiração nas ideias da líder barbadiana, organizou a Cúpula do Novo Pacto de Financiamento Global. Estiveram presentes mais de 300 entidades públicas, privadas ou não governamentais, incluindo mais de 100 chefes de Estado, nos dias 22 e 23 de junho, em Paris.

Foto: Randy Brooks/AFP/Getty Images.

Entre as propostas de Mottley, estão a suspensão de dívidas para os países mais pobres, a expansão dos empréstimos do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 1 trilhão para países em desenvolvimento investirem em “resiliência climática”, além da criação de um fundo global de até US$ 5 trilhões para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Nesse último caso, os recursos não passariam pelas atuais instituições multilaterais como Banco Mundial e FMI, tornando, em tese, mais democrático o acesso aos recursos.
“Problemas globais como a crise climática nos mostram que simplesmente não podemos abordar questões modernas com instituições que foram criadas para um mundo muito diferente, há quase 80 anos”, defendeu a primeira-ministra de Barbados.

Mottley foi eleita primeira-ministra em 2018 com mais de 70% do voto popular, tornando-se a primeira mulher líder de Barbados desde a independência em 1966. Sob sua supervisão, o país desenvolveu um plano ambicioso para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis até 2030. Sua visão moderna prevê que quase todas as casas da ilha tenham painéis solares no telhado e um veículo elétrico na frente.

Para ajudar Barbados a se adaptar à crise climática, ela liderou um programa nacional de resiliência chamado Roofs to Reefs. A iniciativa inclui o uso de ferramentas financeiras inovadoras para aumentar os gastos públicos em tudo, desde o reforço de casas até a restauração de recifes de corais, que ajudem a proteger o litoral das tempestades. Roofs to Reefs foi saudado como um modelo para outros países sitiados pelas mudanças climáticas.

Mottley também é co-presidente do Global Leaders Group on Antimicrobial Resistance , liderando um esforço internacional para combater a resistência antimicrobiana (AMR) – uma grande ameaça ao meio ambiente, à saúde humana e ao desenvolvimento econômico. AMR é a capacidade dos organismos de resistir à ação de drogas farmacêuticas usadas para tratar doenças em humanos e animais. O uso indevido e excessivo de antimicrobianos, incluindo antibióticos, pode exacerbar as mudanças climáticas, a perda da natureza e da biodiversidade, a poluição e o desperdício.

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