Mundo Negro

Médico que filmou caseiro acorrentado é condenado a 3 anos de prisão e deve pagar R$ 300 mil de indenização pelo crime de racismo

Foto: Reprodução

Em sentença emitida na segunda-feira, 26, o médico Márcio Antônio Souza Júnior, responsável por filmar um homem negro que trabalhava em sua fazenda como caseiro acorrentado pelas pernas, com grilhões nos braços e no pescoço foi condenado a prisão em regime aberto por racismo e terá que pagar R$ 300 mil de indenização. Marco Antônio alega que fez uma “brincadeira errada” e que é “amigo” do caseiro.

O caso aconteceu no dia 15 de fevereiro, quando o médico Márcio Antônio Souza Júnior gravou e publicou em seu Instagram um vídeo em que mostrava um homem negro, que trabalhava como caseiro na Fazenda Jatobá, na cidade de Goiás, acorrentado pelos pés, pescoço e pelas mãos. No vídeo, é possível ouvir o medico dizer “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”.

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Márcio Antônio negou as acusações e afirmou que fez uma “brincadeira errada”. De acordo com informações contidas na sentença escrita pela juíza Erika Barbosa Gomes Cavalcante, da Vara Criminal da comarca de Goiás, o homem: “Disse que não teve a intenção de praticar racismo, mas afirma que pegou erroneamente os apetrechos na casa do pai dele e que fez uma brincadeira errada”.

Ainda de acordo com as informações contidas na sentença, o funcionário afirmou “que não teve nenhuma vontade de gravar os vídeos e não vê a situação como uma brincadeira, pois se fosse, estariam todos iguais no vídeo, esclarecendo, por fim, que não são amigos”.

O médico foi condenado por racismo e, além de ter que cumprir três anos de prisão em regime aberto, terá que pagar uma indenização de R$ 300 mil que será dividida entre a Associação Quilombo Alto Santana, que atua no combate ao racismo, e a Associação Mulheres Coralinas, que luta pela inserção da mulher do campo no mercado de trabalho.

 A juíza afirmou na decisão que “Trata-se de um vídeo absolutamente criminoso, evidenciando o crime de racismo contra uma pessoa negra, com apetrechos utilizados na época da escravidão, motivo porque não há que se falar que foi uma brincadeira, em razão de ser crime o racismo recreativo”.

A defesa do médico alega que ele é inocente. Em nota para o g1, os advogados de Márcio Antônio disseram que ele: “Reitera ser inocente e que não teve qualquer intenção de ofender, menosprezar, discriminar qualquer pessoa ou promover esse tipo de atitude, inaceitável em nossa sociedade. Recorrerá contra essa injusta condenação ao Tribunal de Justiça”. A defesa afirma que vai recorrer.

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