A cantora MC Carol, 29, utilizou suas redes sociais nesta segunda-feira (6) para comentar suas experiências pessoais enquanto mulher negra no mercado do funk. A artista relata que não foi fácil começar a carreira num mercado marcado pelo machismo. “Comecei cantar putaria aos 15/16 anos, numa época em que na favela a gente só tinha internet na lan house. Resumindo: a gente era atacado ao vivo na rua! Quando eu subia minha favela de manhã, voltando dos shows, a galera descendo para trabalhar me olhava com nojo, com desdém”, publicou Carol. “Começaram a falar que eu estava usando drogas, que eu estava metida com bandidos”.

Num mercado atual cada vez mais popular entre as massas, Carol relata que essa não era a realidade quando ela começou a cantar funk, com letras intensas e com a alcunha de ‘proibidão’. “Eu tinha que sair na mão para conseguir sair de casa para trabalhar e na volta era outro inferno. As vezes tinha que dormir na casa da minha vizinha para evitar confusão”, publicou a artista, que em seguida destacou as poucas opções em sua vida.

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“Eu entendi o que eu ia passar/sofrer assim que decidi continuar cantando putaria, num mundo machista pra caralh-, que se diz religioso ainda. Eu tinha duas escolhas na época: continuar colocando currículo de menor aprendiz ou subir favela para cantar putaria. E, eu fiz minha escolha! Eu não deveria passar pelo o que eu passei, porque homens não passam por metade“, destacou Carol. “Quem sofreu foi Tati, Cacau, Os bonde femininos, Deise Tigrona, que ganhava merreca, às vezes nem o da passagem. Fazia a parada por amor”.

Em outra postagem, Deizi Tigrona, famosa por sucessos consagrados do funk como ‘Injeção’ e Sadomasoquista’, foi direta, ao relatar o difícil caminho do funk enquanto mulher negra. “Meu cachê não é de 30 mil, a gravadora já segurou minhas [músicas] autorias, a ponto de eu chegar a querer fazer na mão, fui plagiada, tive música que foi uma luta para a gravadora liberar. Amanhã eu acordo às 6h da manhã“, disse ela ao citar ainda atuais cantoras brancas que estão em destaque no funk nacional. “Luísa Sonsa, Pipokinha chorando, não sei porque eu não choro também’.

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