A atriz britânica Marianne Jean-Baptiste, conhecida por sua atuação no drama Hard Truths, destacou que ainda há “uma escassez de grandes papéis multifacetados para mulheres negras” tanto no Reino Unido quanto em Hollywood. A declaração foi feita ao Radio Times uma semana após ela ter ficado fora da lista de indicadas ao Oscar, apesar da aclamação por sua performance como Pansy, uma mulher à beira do colapso, no filme de Mike Leigh.
Jean-Baptiste, que em 1997 foi a primeira mulher negra britânica indicada ao Oscar por seu trabalho em Secrets & Lies, relembrou os desafios que enfrentou após a consagração. “Infelizmente, há uma escassez de grandes papéis multifacetados para mulheres negras desempenharem tanto nos EUA quanto no Reino Unido”, afirmou. “Não sei se isso está mudando. Realmente não sei.”
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Ao Thelegraph, atriz apontou a escassez de histórias que retratem mulheres negras com profundidade como em Hard Truths. “Você não vê mulheres que são desagradáveis assim na tela”, comentou. “Os homens podem ser o charlatão, o canalha, o gênio do crime, o mafioso – esses tipos de personagens são romantizados, e nós gostamos disso. Mas as mulheres não podem ser assim, e se forem, é caricatural. Certamente não estamos acostumados a ver mulheres raivosas se expressando sem uma explicação clara do porquê são assim e, crucialmente, sem nenhuma sugestão de que vão mudar. Culturalmente, tendemos a descartar esse tipo de mulher”, reflete.
A atriz também mencionou a dificuldade de interpretar Pansy em Hard Truths. “Todos nós temos uma vozinha na cabeça nos dizendo todo tipo de coisa; eu chamo a minha de Sybil”, disse Jean-Baptiste. “Mas Pansy também se instalou lá por um tempo. Eu diria: ‘Ah, esse é um pensamento da Pansy. Lá vai ela. Cale a boca, Pansy!’ Pansy não sabe de onde vem sua dor: ela a coloca como uma dor de cabeça, uma dor de estômago, são suas costas, é o outro. Ela não está lidando com o fato de que é realmente emocional. E para mim, andando por aí como aquela personagem, explorando-a, o peso disso às vezes se torna quase insuportável.”
Sobre as melhorias na representação negra no cinema e na TV, a atriz foi cautelosa. “Quer dizer, eu poderia continuar listando atores negros britânicos que estão em filmes ou têm seu próprio programa de TV. Eu não podia dizer isso em 1997. Posso dizer isso agora. Então isso é ótimo. Mas isso responde à pergunta? Não tenho certeza se sim. Ainda parece raro ver pessoas negras vivendo vidas comuns na tela do jeito que fazem em Hard Truths”, refletiu.
Questionada sobre o impacto de um diretor branco contar essa história, Jean-Baptiste afirmou: “Acho que Mike simplesmente ama explorar a natureza humana. E ele queria trabalhar comigo novamente, mas para me colocar em um contexto que fosse natural e não um onde eu fosse a única pessoa negra… Ele queria que fosse como deveria ser. Pansy não seria simplesmente a amiga de outra pessoa, ou a assistente social, ou a enfermeira.”
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