Major RD: eles não estão preparados para ver nossa vitória

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Major RD: eles não estão preparados para ver nossa vitória
Foto: Divulgação

Circula nas redes sociais um vídeo em que o rapper carioca Major RD é abordado por um agente de segurança do Estado do Rio de Janeiro que afirma que o rapper tem “cara de bandido”, mas não é porque não “troca tiro”. Em determinado momento do vídeo, o policial sugere que o artista entrasse em confronto com ele. “Vamos lá trocar tiro então”.

Esse tipo de câncer da segurança pública precisa ser expulso da corporação (mas sabemos que isso não vai acontecer). Eles não estão acostumados a ver pessoas pretas fora das situações de vulnerabilidade social e econômica, não querem que alcancemos os espaços de liderança que estamos chegando e isso tem um motivo explícito: o racismo.

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No post que o rapper postou nas redes sociais, ele reflete sobre dinheiro, sucesso e racismo. “Mesmo depois de ter grana e fama, o discurso deles ainda é o mesmo. É isso que o playboy não entende”. Eles não vão entender justamente por não passarem nem um quinto do que os jovens negros passam no país do futebol.

Essa forma de estereotipação existe desde o cativeiro, depois passou pela favelização do Brasil e agora, mesmo com milhões de negros e negras fora das favelas e “com grana”, o racismo perpetua em nossa sociedade. Atitudes como desse “agente da lei” só reforçam os motivos de jovens negros somarem 82,7% das mortes nas mãos das polícias.

E quem diz isso não sou eu, é o Atlas da Violência, produzido por um dos mais respeitados institutos de pesquisa sobre violência no mundo, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os dados são estarrecedores e isso mostra a face racista e elitista que as polícias no Brasil têm. Quando entram na casa de um Roberto Jefferson, são recebidos a tiros, mas quando acessam um favelado, indiferente do motivo, são tratados da forma que um rapper milionário foi tratado.

Imaginem o que passam as crianças, os jovens negros dos territórios periféricos onde as câmeras corporais, convenientemente, não funcionam? Em pleno ano de 2025, eles não estão preparados para a democracia, quem dirá para tratar um negro com um mínimo de dignidade… Aqui, eu poderia tratar de números com uma facilidade imensa, mas pessoas negras, que são ameaçadas pelo Estado diariamente são mais que números, são vidas perdidas cotidianamente nas mãos desses mesmos agentes de segurança que se dizem cumpridores da lei.

Mas o agente não é racista, como ele mesmo disse no vídeo, é “até casado com uma preta, como ele pode ser racista?”. De forma nenhuma ele é racista, só estava agindo dentro da lei, abordando pessoas negras, como diz o Modus Operandi das polícias em todo o Brasil.

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Alessandra Costa é assessora de imprensa e atualmente atende contas como Encontro do Cinema Negro Zozimo Bulbul, Cia de Teatro Epigenia e a vereadora licenciada e Secretária Municipal de Meio Ambiente, Tainá de Paula (PT).

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