Como os homens periféricos tem lidado com suas emoções? De acordo com o levantamento feito pelo projeto Papo de Baile do Maisum, com homens residentes em periferias do Rio de Janeiro, 40,2% dos entrevistados raramente conversam sobre seus problemas ou medos. Dos 97,2% que dos entrevistado que afirmaram entender o significado do termo saúde mental, 75,7% disseram se cuidar de alguma maneira, sendo a prática de esportes ou exercícios físicos a principal, apontada por 25,9% dos participantes. O consumo de arte e cultura (21,3%) e a busca por um profissional de saúde (13,9%) também foram citados como cuidados tomados por eles.
A pesquisa é uma iniciativa criada pelo DJ Jorge Maisum, que visa fomentar debates de gêneros a partir de pautas ligadas à masculinidade periférica, evidencia as dificuldades que os homens moradores de favelas têm para se abrirem com outras pessoas.
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O levantamento foi realizado entre agosto e setembro de 2023, em paralelo aos encontros do projeto, ocorridos aos finais de semana, na Lona Carlos Zéfiro, em Anchieta, Zona Norte do Rio. Neste ciclo, 14 homens, entre cis, trans e não-binários, divididos em dois grupos, tinham como proposta a formulação da pesquisa e a coleta de dados, além da entrega de um produto artístico.
Os dados foram lançados na segunda-feira (2). O acervo, formado por vídeos, fotos, músicas e poesias, ficará exposto em um local de grande circulação, ainda não definido. Parte das rodas de conversa foram registradas em vídeo. O material, composto por entrevistas com cada participante, será transformado em dois documentários, produzidos e dirigidos pelo jornalista Renan Schuindt. A finalização está prevista para dezembro de 2023.
“Tivemos uma troca muito constante que vai se refletir no dia a dia desses homens, das suas famílias, amigos. Todos nós saímos mais conscientes, com uma visão ampliada sobre o respeito, o autoconhecimento. É um trabalho de formiguinha e que precisa ser
incentivado, aplicado em rede”, afirma Jorge Maisum, idealizador do Papo de Baile.
Outros destaques da pesquisa
Ainda segundo os dados, 93,5% dos homens ouvidos conhecem o significado do termo “machista”. Desses, 62,5% se consideram machistas. Quanto às referências de masculinidades, sendo permitido marcar mais de uma opção, 42,6% citam o pai, 44,4%
citam outros homens da família e 34,3% citam os amigos. Entre os que gostariam de participar de algum projeto que debata o tema masculinidade, 64,5%. O levantamento foi realizado pelos participantes do projeto e ouviu 107 homens residentes em regiões
periféricas da capital e da Baixada Fluminense.
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