Texto: Kelly Baptista
Segundo o Todos Pela Educação mais de 178 mil crianças não frequentam a sala de aula por dificuldade de acesso, este número representa 42% das 425 mil crianças brasileiras de 4 a 5 anos que estão fora da pré-escola. Bom lembrar: a educação escolar é obrigatória nesta faixa etária.
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Isso significa que essas crianças estão tendo seu direito negado, por razões como a ausência ou distância de uma escola; falta de vaga; e baixa oferta de ensino para a sua idade. E sabe quem sofre mais com esse cenário? As famílias mais pobres.
“Crianças pretas e pobres são, historicamente, mais vulnerabilizadas no Brasil e essa desigualdade no acesso à educação infantil privilegia alguns grupos em detrimento de outros, afinal as crianças pretas e pobres que não frequentam a pré-escola têm menos acesso a estímulos, interações, alimentação e segurança. Isso pode comprometer o desenvolvimento, impactar a progressão e a transição para as etapas de ensino sequentes, além de reproduzir desigualdades que atrasam o nosso país”, explica Maíra Souza, Oficial de Primeira Infância do UNICEF no Brasil.
É papel do poder público garantir atendimento pleno e de qualidade a todas as nossas crianças na pré-escola. Além disso, é preciso que toda a sociedade compreenda e reconheça a importância da Primeira Infância como etapa fundamental para a vida.
Para Bianca Dantas, professora e responsável pelos conteúdos da plataforma e do chatbot AprendiZAP, a fase da primeira infância é fundamental para o desenvolvimento da criança. É neste momento que ela é estimulada a desenvolver suas habilidades e a sua sociabilidade, aprendendo a ter responsabilidade sobre si, sua comunidade, e sua relação com o meio ambiente. “Negligenciar o acesso à educação nos primeiros anos impede que os estudantes cheguem mais preparados para o Ensino Fundamental (a partir dos 6 anos), podendo interferir no seu processo de alfabetização e por consequência na sua permanência na escola. Quanto antes inserimos as crianças no ambiente escolar, maiores são as chances delas permanecerem e de combatermos a evasão”, afirma a professora.
*Kelly Baptista Gestora Pública, diretora executiva da Fundação 1Bi, mentora, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e conselheira da Cruzando Histórias, Despertar e CMOV.