A Sociedade Americana do Câncer (ACS) anunciou uma iniciativa sem precedentes esta semana: o lançamento do maior estudo já realizado sobre disparidade racial na incidência e mortalidade de câncer nos Estados Unidos. O objetivo é compreender por que mulheres negras são as mais afetadas pela doença, mesmo tendo números de diagnóstico próximos às mulheres brancas.
De acordo com informações publicadas pelo jornal ‘O Globo’, o estudo pretende recrutar mais de 100 mil mulheres negras, com idades entre 25 e 55 anos, de diversos contextos sociais e econômicos, sem histórico prévio da doença. Essas participantes serão acompanhadas por 30 anos, enquanto os pesquisadores estabelecem parcerias com comunidades de mulheres negras e especialistas na área para melhor compreender as experiências que podem afetar o risco oncológico.
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Dados da ACS revelam que nos EUA, mulheres negras têm maior probabilidade de morrer para a maioria dos tipos de câncer e de viver menos tempo após o diagnóstico do que qualquer outro grupo étnico. Entre 2015 e 2019, embora as mulheres negras tenham tido uma incidência 8% menor de tumores do que as brancas, a mortalidade foi 12% superior.
Para câncer de mama e endométrio, por exemplo, mulheres negras enfrentam taxas de mortalidade significativamente mais altas do que as brancas, mesmo com números de diagnóstico semelhantes. Uma das possíveis razões para essa disparidade pode ser o acesso ao diagnóstico precoce, que é menor entre as mulheres negras.
Além disso, alguns tipos de câncer apresentam tanto maior incidência quanto maior mortalidade entre as mulheres negras, como câncer de estômago, pâncreas e fígado, que possuem algumas das menores taxas de sobrevivência.
O recrutamento para o estudo teve início em outubro do ano passado com um projeto piloto em duas cidades dos estados americanos de Geórgia e Virgínia. Agora, o lançamento nacional ampliará a inscrição para mais municípios e outros 19 estados onde vive mais de 90% das mulheres negras do país.
Durante as três décadas do estudo, as voluntárias responderão perguntas sobre comportamento, ambiente e experiências vividas através de pesquisas periódicas online. Os resultados serão analisados para buscar associações entre os relatos das participantes e o surgimento e evolução de casos de câncer no grupo.
Alpa Patel, uma das cientistas principais do estudo e vice-presidente sênior de Ciência Populacional da ACS, destaca a importância desses estudos de longo prazo, que já revelaram informações cruciais no cenário do câncer, como a ligação entre tabagismo e câncer de pulmão, obesidade e mortalidade, e consumo excessivo de carne vermelha e câncer colorretal.
“O novo estudo representa um passo crucial para alcançar a equidade em saúde em uma população que há muito tempo é carente”, disse Patel em comunicado. “Ao centralizar as vozes e experiências das mulheres negras, podemos nos aprofundar na descoberta dos desafios e barreiras únicas que contribuem para as disparidades no câncer e desenvolver intervenções personalizadas para mitigá-las.”
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