O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (26) em entrevista ao UOL que enfrenta dificuldades para encontrar mais mulheres e negros para ocupar cargos em seu governo, entre as justificativas oferecidas pelo Presidente, ele afirmou que esses grupos “não tiveram uma participação política histórica mais contundente”, ignorando o histórico de luta política do Movimento Negro e dos movimentos de mulheres.
“Esse é um problema meu crônico, que eu discuto todo dia com a Janja [a primeira-dama]. Como a mulher não teve uma participação ativa durante muito tempo, fica mais difícil você encontrar mulher para determinados cargos, e também fica mais difícil você encontrar negros para determinados cargos”, declarou Lula. “Não é que não tenha [mulheres e negros]. É que a oferta é menor na medida em que, embora sejam a maioria da população, [mulheres e negros] não tiveram uma participação política histórica mais contundente. Eu quero mais mulheres no governo. Eu preciso de mais negros no governo. Eu preciso que o governo tenha a cara do Brasil”, afirmou.
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Lula tem sido criticado pela falta de representatividade em seu governo e por não ter indicado mulheres para o Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo com uma campanha organizada pela ONG Nossas, Coalizão Negra por Direitos, Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), Instituto Marielle Franco, movimento Mulheres Negras Decidem e outros movimentos que se uniram para pedir a indicação de uma mulher negra para a vaga deixada por Rosa Weber na corte em 2023.
O presidente falou sobre sua vontade de aumentar a presença desses grupos em posições de liderança, mas até o momento, em suas duas indicações para a Suprema Corte, o presidente escolheu homens: o ex-advogado Cristiano Zanin e Flávio Dino, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública.
Atualmente, a composição ministerial de Lula conta com nove mulheres: Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Margareth Menezes (Cultura), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Anielle Franco (Igualdade Racial), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudanças Climáticas), Cida Gonçalves (Mulheres), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde). Em contrapartida, as pastas, secretarias e órgãos com status de Ministério chefiados por homens somam 30.
Quanto à proporção racial, dez ministros se declararam pretos ou pardos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo Margareth Menezes, Anielle Franco, Marina Silva, Luciana Santos, Silvio Almeida (Direitos Humanos), Rui Costa (Casa Civil), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Carlos Lupi (Previdência Social), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Juscelino Filho (Comunicações). Sônia Guajajara é a única ministra indígena.
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