Livro ‘Pente quente’ reúne histórias em quadrinhos sobre o cabelo crespo: “Cabelo também é cultura pop”

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Livro ‘Pente quente’ reúne histórias em quadrinhos sobre o cabelo crespo: “Cabelo também é cultura pop”
Foto: Reprodução/Harvard Radcliffe Institute

O cabelo é certamente um elemento muito importante para valorização da estética negra. É através dos múltiplos penteados que expressamos nossa identidade e também é a partir do encontro que promovemos com a finalidade de ‘arrumar nossos cabelos’ que nos aproximamos enquanto pessoas negras, compartilhamos nossas histórias e dividimos um momento tão importante de identificação.

O uso do pente quente é bastante conhecido por muitas mulheres negras. Quem não se lembra de ver uma tia, uma avó ou de ter passado um pente de metal pelos cabelos com objetivo de conquistar o aspecto alisado? O pente quente também conhecido como pente de pressão ou pente alisador, costumava ser aquecido em fogão comum e também em tomada. “Pente Quente” é o nome do livro da escritora e cartunista norte-americana Ebony Flowers, que traz uma coleção de histórias em quadrinhos sobre o cabelo de mulheres negras.

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Foto: Reprodução/”Pente Quente – Ebony Flowers”

Para o Mundo Negro, a autora contou sobre as experiências pessoais que a inspiraram para escrever “Pente quente” e destacou que escreveu o livro “para mulheres negras”.

Como as experiências compartilhadas das mulheres negras sobre pentear o cabelo inspiraram você a escrever o livro?

Para mim – para meus amigos e minha família – o cabelo é um aspecto tão importante de nossa vida. O cabelo negro é sobre passar tempo juntos. O cabelo é expressão e intimidade. O cabelo também é cultura pop. O cabelo é história compartilhada e pessoal. O cabelo negro, tanto na América como em todo o mundo, está entrelaçado com o legado da supremacia branca, classe, desigualdade e capitalismo. Ao escolher criar histórias sobre cabelo negro, eu sabia que também estaria abordando tantos outros aspectos da vida negra. O texto é o cabelo – minhas histórias apresentam tranças, fazer um relaxamento, enrolar nosso cabelo e usar perucas – e a textura é o que também me importo em discutir – laços familiares, perda da inocência, racismo cotidiano perpetuado pela ignorância.

Foto: Reprodução/”Pente Quente – Ebony Flowers”

O cabelo é um elemento de identidade muito importante na cultura negra. Qual é a importância de falar sobre isso em “Pente Quente”?

Eu escrevi “Pente Quente” para mulheres negras. Dito isso, espero que qualquer pessoa curiosa sobre cabelos negros, cultura e quadrinhos o leia. Se “Pente Quente” permitir que um público amplo compreenda melhor alguns dos aspectos mais íntimos da cultura do cabelo negro, ficarei feliz.

Para alguns leitores, talvez “Pente Quente” seja uma janela para aspectos da vida negra. Para outros, “Pente Quente” refletirá diretamente memórias e jornadas pessoais de cabelo. É difícil para mim separar minha experiência como mulher negra e minhas várias narrativas sendo uma mulher negra nos Estados Unidos, de minha experiência com o cabelo.

Por exemplo, muitas mulheres negras com cabelos crespos têm experiências compartilhadas que envolvem certos marcadores culturais percebidos, como o primeiro relaxamento, o primeiro tecido ou o “big chop”. É claro que a história individual e a tomada de decisão pessoal são impactadas por realidades sociais maiores. O racismo e o sexismo desempenham um papel significativo na moldagem das histórias em “Pente Quente” em uma experiência compartilhada. Eu acredito que se qualquer mulher negra com cabelo crespo fizesse quadrinhos sobre suas experiências – seja como ficção ou não-ficção criativa – muitas de nós acabaríamos com histórias que encapsulam um espectro compartilhado de emoções que lidam com encontros racistas e misóginos. Essas histórias também ressoariam com muitas pessoas cujas diferenças visíveis e decisões cotidianas são facilmente marginalizadas.

Para pessoas que não têm experiência pessoal direta com alguns dos temas do meu livro, “Pente Quente” será uma oportunidade para elas olharem, ouvirem e testemunharem. Eles terão a chance de ver pessoas negras em nosso cotidiano, apenas tentando viver nossas vidas.

Livros, é claro, têm feito isso há algum tempo. Autores como Octavia Butler, James Baldwin, Zora Neale Hurston e Toni Morrison lançaram as bases para futuros escritores criarem histórias sobre pessoas negras e para pessoas negras – sem ter que se desculpar ou racionalizar a existência dessas narrativas. Com “Pente Quente”, eu estou desenhando novos capítulos da narrativa cotidiana de nosso povo através de quadrinhos. Eu faço histórias, que acontecem de serem quadrinhos, sobre pessoas e vidas negras sem ter que explicar sua existência para leitores não negros.

Foto: Reprodução/”Pente Quente – Ebony Flowers”

Por que você escolheu as histórias em quadrinhos como estilo literário para contar a história?

Eu adoro fazer histórias em quadrinhos. É meu processo e meio preferido de contar histórias.

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