O livro O Negro no mundo dos ricos: um estudo sobre a disparidade racial de riqueza com os dados do Censo 2010, escrito pelo professor Emerson Ferreira Rocha, do Departamento de Sociologia (Sol) da UnB, demonstra que a desigualdade entre negros e brancos com a mesma formação profissional é maior entre os mais ricos.
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Publicada pela Editora UnB (EDU), a obra conquistou o primeiro lugar na categoria Ciências Sociais Aplicadas na premiação da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). Ela é resultado de tese de doutorado desenvolvida pelo professor na UnB, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e na University of Illinois at Urbana Champaign, nos Estados Unidos, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Trata-se de um estudo de natureza quantitativa que utiliza dados do censo demográfico de 2010. De acordo com as informações apresentadas pela pesquisa, no grupo dos 1% com maior renda no Brasil, apenas 14% são negros – a soma de pretos e pardos. O estudo de Emerson foi feito com o intuito de analisar por que e como isso acontece.
“Os negros, além de terem, em média, menos escolaridade do que a população branca, quando entram no curso superior, tendem a estar concentrados em áreas de formação vinculadas a menores salários. Vão estar menos na Medicina do que na Pedagogia, por exemplo. Isso é uma das coisas que explica a desigualdade na composição no grupo dos ricos”, revela o pesquisador.
Outro fator que corrobora a menor presença de pretos e pardos entre os 1% mais ricos é a discriminação. Diferentemente do que se entende na sociedade em geral, a ascensão social não diminui os efeitos do preconceito racial no acesso à renda da população negra. Quanto mais alto o estrato social, mais acentuada é a diferença salarial entre pessoas negras e brancas com a mesma formação.
“O mesmo nível de educação superior não vale igualmente para negros e brancos, em termos de renda. O retorno financeiro sobre a qualificação profissional é maior para o branco do que para o negro. Em algumas áreas do conhecimento, essa diferença é um pouco menor, mas ela existe em todas as áreas”, afirma o autor da tese.
Para Emerson, a conclusão da pesquisa desmente a ideia de que a discriminação racial se resolve conforme a população negra ascende socialmente. “O negro quando enriquece passa a ser uma espécie de corpo fora do lugar, a presença dele ali destoa de um certo padrão, onde os negros exercem posições sem prestígio e sem autoridade, ao contrário dos brancos”, analisa.
VISIBILIDADE
A tese foi publicada como livro em 2019, por meio de edital que selecionou obras produzidas na Universidade para serem lançadas pela Editora UnB. Para a diretora da EDU, Germana Henriques Pereira, é uma honra receber esta premiação.
“Eu considero que é de extrema importância a iniciativa da ABEU de conceder os prêmios e, em seguida, é importante para a editora porque mostra como ela está operando e participando. Junto à nossa comunidade, também é muito importante o prêmio, porque chama a atenção para a importância e o trabalho que a editora faz”, conclui.
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