Está no ar o episódio do podcast Mano a Mano com o cineasta Jeferson De e o cantor Seu Jorge, publicado nesta quinta-feira (7).
Para aquecer o episódio, os dois falaram da relação dos nomes de registro com o racismo. No caso do Jeferson De, ele explica as histórias que ouvia do avô, seu José, quando moravam em Taubaté.
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“Meu avô me contava uma história muito interessante de que, Taubaté fica entre Rio de Janeiro e São Paulo e perto da cidade de Resende. E meu nome é Jeferson Rodrigo de Resende.”
E continuava refletindo “Porque o meu avô chamava ‘de Resende’? Porque provavelmente meu bisavô foi escravizado por um Seu Resende. E aí quando eu fui assinar meu primeiro filme eu acabei jogando fora o Resende.”
Seu José compartilhou contava histórias de família que comprovava a relação escravocrata do sobrenome. Por isso que eu chamo ‘Jeferson De’. Toda vez que eu me lembro do ‘De’ eu me lembro de nós, pretos, da América, do Canadá até o Uruguai. A gente descende de pessoas escravizadas, eu não queria esquecer disso.”
Ao ser questioando pelo Mano Brown sobre o que a família achava, ele não demonstra preocupação. “O nosso nome é desconhecido, eu tenho que fazer esse caminho de volta para África. A minha história começa antes de ser escravizado”.
“Meu pai toda vez que eu perguntasse sobre a infância dele, ele falava ‘Era ruim!’ Mas não falava como. Não dava detalhe. Eu queria ter esses detalhes, né? Eu sabia que ele perdeu a mãe com 9 [anos]. Meu tio que era um ano mais velho tinha 10 e aconteceu uma fatalidade. Em algum momento eles se perderam e se encontraram no serviço militar. Meu tio já servido, meu pai indo se alistar. E esse fato da história que eu queria entender.”
Mas uma parte do que Seu Jorge soube da família paterna, por exemplo, é que o avô foi embora com outra a família e deixou o pai e o irmão órfão, o que levou ele a entender como a maioria das pessoas negras no Brasil tem sobrenomes comuns.
“Muitas crianças pretas que foram abandonadas na rua, que foram absorvidas por conventos ou por Febem, instituições e acabavam sem registros, [eles] acabavam registrando as pessoas. Eu sou ‘do Silva Santos.’ Os Silvas começaram a ter um alento quando apareceu o Ayrton Senna [da Silva], né? Quando o Ayrton Senna apareceu, ser ‘da Silva’ era cool.”
Só que essa vibração com o mesmo sobrenome nunca o animou. “Eu não me sentia parte daquilo, daquela vitória de um brasileiro”.
Curioso com a sua origem, Seu Jorge fez o teste de DNA para descobrir a ancestralidade. “Deu Camarões a origem na minha turma [paterna] e a materna lá da Islândia. Mas eu predomino uma coisa negra.
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