Jantar Papo de Futuro: o Brasil que se constrói na escuta, no afeto e na responsabilidade coletiva

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Jantar Papo de Futuro: o Brasil que se constrói na escuta, no afeto e na responsabilidade coletiva
Foto: Divulgação

Texto: Rodrigo França

O jantar Papo de Futuro, idealizado e oferecido por Rodrigo França e pela arquiteta e secretária de Meio Ambiente e Clima Tainá de Paula, reuniu, no Rio de Janeiro, cinquenta pessoas comprometidas com pensar o país para além da retórica e das urgências de ocasião. O encontro, que nasce com o propósito de se tornar uma tradição anual, foi mais do que uma celebração simbólica: foi um gesto de responsabilidade pública e intelectual diante do momento em que o Brasil se encontra.

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Entre os presentes, nomes que constroem a cultura, o direito e a educação como tecnologias de resistência: as atrizes e os atores Neusa Borges, Ava Simões, Deo Garcez, Dja Martins, Luana Xavier, Ernesto Xavier, Ju Colombo, Marco Rocha, Orlando Caldeira, Rafael Gualandi e Valéria Monã; os diretores de cinema e teatro Gigi Soares e Fernando Philbert; as escritoras Eliana Alves Cruz e Carolina Rocha; o intelectual Carlos Alberto Medeiros; e o jurista Gustavo Proença, entre tantas outras pessoas que dedicam suas trajetórias à transformação do país.

O encontro ocorreu em meio a uma conjuntura tensa no Rio de Janeiro, marcada por episódios de violência policial e pela perpetuação de uma lógica de segurança pública que ainda enxerga territórios negros e periféricos como zonas de exceção. Diante desse cenário, as falas convergiram em torno da necessidade de um novo pacto civilizatório, onde a proteção da vida negra e periférica seja princípio e não exceção. Pensar o futuro, nesse contexto, é reconhecer que não há democracia sólida sem uma política de segurança pública humanizada, que respeite direitos e promova justiça, e sem um Estado comprometido em reparar as feridas históricas que sustentam o racismo estrutural.

Foto: Divulgação

A pauta da educação também ocupou lugar de destaque. Educadores e educadoras presentes reforçaram que a transformação social só será possível com investimento real e contínuo em uma educação libertadora, antirracista e plural, capaz de romper com as hierarquias coloniais que ainda estruturam o saber no Brasil. Foi consenso que educar é o maior ato político e que o futuro do país depende diretamente da valorização dos profissionais da educação e da ampliação do acesso a políticas de formação crítica e cidadã.

Outro ponto de destaque foi a democratização do acesso financeiro e de crédito para empreendedores e empreendedoras, em especial para produtores negros e negras das artes, do teatro e do audiovisual brasileiro. Em um mercado ainda marcado por desigualdades estruturais, o financiamento público e privado raramente chega de forma justa a quem produz fora dos grandes centros e das redes de privilégio. No Papo de Futuro, reafirmou-se que a economia criativa é também uma economia de reparação: cada investimento feito em iniciativas negras é uma aposta concreta em um Brasil mais diverso, sustentável e potente.

A noite foi atravessada por discursos de esperança, mas também por senso de urgência. Cada participante foi convidado a sair do jantar com uma tarefa, um compromisso, uma responsabilidade. A partir desse gesto, foi elaborado um documento que propõe ações concretas nas áreas de cultura, educação, economia e direitos humanos. O texto é o primeiro passo de uma construção mais ampla: um pacto ético entre pessoas que acreditam que o futuro se faz com política, diálogo e ação coordenada.

Foto: Divulgação

Tainá de Paula e Rodrigo França, anfitriões do encontro, lembraram que o Papo de Futuro não pretende ser um evento isolado, mas uma metodologia de encontro. A cada edição, novas vozes se somarão, ampliando o repertório e o alcance das discussões. O jantar reafirma que pensar o futuro é um ato coletivo, que exige coragem, escuta e compromisso com o presente.

O Brasil que queremos só existirá quando o pensamento se transformar em prática, e a palavra, em ação. E, naquele salão, entre risos, trocas e silêncios atentos, o que se viu foi exatamente isso: o exercício mais nobre da política, aquele que nasce da escuta e floresce no encontro.

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