O Colégio Bandeirantes, tradicional instituição particular em São Paulo, voltou aos holofotes da imprensa novamente, ao ser confirmado o terceiro caso de suicídio de um aluno. Dois casos em 2018 e outro na última segunda-feira, 12 de agosto. Um adolescente negro do 9º ano perdeu a própria vida após ser vítima de bullying e homofobia por colegas de escola.
Na primeira nota enviada aos familiares e a imprensa, a escola lamentou o ocorrido, mas o tio do garoto desabafou nas redes sociais que a escola tentou se isentar de qualquer responsabilidade ao afirmar que a situação “aconteceu fora das dependências do colégio”.
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Para a psicóloga Shenia Karlsson, “a maioria das escolas privadas no Brasil são um ambiente tóxico e adoecedor para crianças e adolescentes negras e racializadas”, disse em entrevista ao Mundo Negro. “Consciente ou inconscientemente, as intituições protegem o pacto narcisico branco a fim de garantir que negros não só adentrem, mas não permaneçam nesses espaços”, completa.
“Embora a maioria defenda um discurso publicamente inclusivo, na prática existem pactos coletivos que impedem o acolhimento dessas crianças e adolescentes. É um grupo social frequentemente negligenciado, abandonado e ignorado em suas dores e direitos fundamentais”, lamenta.
Segundo a especialista que atende crianças e adolescentes negros, “as escolas submetem famílias inteiras ao sofrimento, e essas se vêem obrigadas a retirar seus filhos da instituição diante do descaso e do quase convite a se retirar. Uma postura que estimula a impunidade, a violência e a perversidade”.
Um estudo realizado em 2023, pelo Instituto de Referência Negra Peregum (IPEC) em parceria com o Projeto SETA, revelou que 64% dos jovens consideram o ambiente escolar como o local em que mais sofrem racismo. Desde 2023, ofensas contra pessoas LGBTQIAPN+ também foram equiparadas a crimes de injúria racial.
Durante entrevista ao Mundo Negro, em maio deste ano, sobre o caso da filha de Samara Felippo, vítima de racismo em uma escola particular, o advogado Dr. Hédio Silva Jr, havia destacado a importância da escola ter responsabilidade com o acolhimento aos alunos.
“Todo caso de racismo na escola é passível de processo contra a escola; contra o Estado e também contra o ofensor”, disse o ex-secretário da Justiça de São Paulo. “A escola nunca cumpriu a lei no sentido de implementar programas pedagógicos de promoção da igualdade racial”, argumentou o advogado, ao destacar como a instituição se tornou conivente com as práticas preconceituosas.
O mesmo agora precisa ser refletido no Colégio Bandeirantes, que alerta pela urgência de combater diferentes tipos de discriminações para evitar que os estudantes tenham a saúde mental afetada como ocorreu com outros adolescentes da instituição.
“A direção e toda a comunidade escolar estão profundamente abaladas por essa perda irreparável. Neste momento, a prioridade do colégio é oferecer todo o apoio e assistência necessários à família do aluno e aos colegas e amigos impactados por essa tragédia”, disse a escola em nota.
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