Vivemos hoje, talvez, a maior onda de empreendedorismo negro no Brasil. O povo negro, cada vez mais unido, do cabelo à escrita, aproxima-se cada vez mais de suas raízes. O desenvolvimento pessoal e econômico passa pela valorização dos saberes locais, e da união dessa população. Este fortalecimento tem acontecido em vários espaços e mais do que nunca em novos empreendimentos que abordam a temática racial.

Atualmente, o bem de maior valor agregado é a informação, informação esta que foi negada a uma grande parcela da população por muitos anos. Negros e periféricos têm muito mais barreiras para alçar voos, principalmente no que diz respeito à empregabilidade. Hoje ainda, as instituições públicas e privadas insistem em negar o óbvio: o racismo institucional. Este tipo de racismo não é sutil, é um crime e precisa ser combatido, principalmente no âmbito cultural organizacional. É sintomático que, num país em que mais de 109 milhões de pessoas (53,6% da população, de acordo com o IBGE) se declarem negras, não estejamos presentes nas principais esferas da sociedade (Congresso, comando de grandes empresas, televisão, universidades) e pior, quando se trata de rankings de desenvolvimento social a população negra permanece nas últimas colocações.

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Os negócios sociais liderados por negras e negros têm papel fundamental na luta pela igualdade racial e confronta diretamente o racismo estrutural que perdura por séculos na sociedade, não somente brasileira. O que ainda falta é apoio, reconhecimento e uma ampla rede que seja sólida e que sustente a possibilidade de erro e aprendizado.

Infelizmente, parte desses negócios conduzidos por negros, que no caso representam cerca de 51% dos empreendimentos brasileiros, esconde um número negativo: apenas 29% desses empreendimentos empregam uma segunda pessoa (PNAD – 2016). Grande parte desses empreendimentos não é por opção e sim por necessidade.

Temos inúmeros exemplos de empreendimentos sociais que fazem a diferença. No Rio de Janeiro, a empresa “Era uma vez o mundo” trabalha o protagonismo negro através de suas bonecas e bonecos, e criam elementos positivos dentro do universo infantil, onde as crianças negras se veem como protagonistas na realidade que vivem, e através disso tem a possibilidade de reverberar essas narrativas na promoção da diversidade e de respeito. O trabalho da dupla é incrível e necessário.

Outra iniciativa, do jovem negro estadunidense Christopher Gray, é o Scholly, um app bem simples que ajuda estudantes a encontrar bolsas de estudo para graduação e mestrado. O aplicativo já ajudou centenas de estudantes e o valor arrecadado para este fim já ultrapassa US$ 15 milhões em bolsas. O acesso a crédito para estudantes de baixa renda é extremamente difícil, e impacta diretamente a comunidade negra. Segundo Christopher, um dos principais objetivos do aplicativo é ajudar o jovem periférico a ter melhor acesso à educação que eles precisam e tanto buscam.

Neste contexto, o ID_BR chega como uma consultoria que tem como um dos princípios trabalhar a cultura organizacional das empresas. Com foco na luta pela igualdade racial, a ONG desenvolve a campanha “Sim à Igualdade Racial”, cujo objetivo é a conscientização e engajamento de grandes organizações e da sociedade civil em prol de ações afirmativas e crescimento socioeconômico da população negra e periférica através da inserção no mercado de trabalho e na preparação técnica de jovens e adultos. O ID_BR dá ferramentas, como cursos de inglês, de gestão e de negócios, para que mais de 40 bolsistas hoje em cursos como o Brittania, Cel.lep e Fundação Dom Cabral, possam se desenvolver no mercado de trabalho formal com autonomia.

É importante que haja mais iniciativas que fundamentem suas ações na promoção da igualdade racial e luta contra o racismo. Esta deve ser uma pauta de todos; afinal, não foram os negros que criaram o racismo. Quanto mais empreendedores, principalmente negros, tiverem ferramentas suficientes para gerar emprego, reverberar a pauta racial e fazer com que seus negócios cresçam, teremos cada vez mais ganhos para toda a sociedade. A economia cresce e se torna mais dinâmica, a desigualdade diminui e a oferta por empregos aumenta, e assim, o enfrentamento das desigualdades históricas tende a diminuir. Pouco, mas diminuem. A geração e capilaridade do conhecimento, talvez seja, hoje, a maior ferramenta que temos para enfrentar a cultura estrutural e secular do racismo. Digamos juntos “Sim à igualdade racial”.

Wellington Rodrigues Mendes
Gerente Administrativo Financeiro do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR)
http://simaigualdaderacial.com.br/
http://simaigualdaderacial.com.br/idbr/#quemsomos

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