Na última terça-feira, 5, em uma reviravolta na história de Leonard Mack, de 72 anos, ele foi oficialmente inocentado de um crime que ocorreu há quase cinco décadas, nos Estados Unidos. Em março de 1976, Mack foi condenado por estupro e sofreu duas acusações de posse criminosa de arma, apesar de evidências sorológicas que excluíram sua ligação ao crime e testemunhas de álibi que afirmaram sua inocência. No entanto, novos testes de DNA realizados pela Unidade de Revisão de Condenações do Promotor Distrital do Condado de Westchester e pelo Projeto Inocência revelaram que Leonard Mack não era o verdadeiro autor do crime.
Essa é a condenação mais longa a ser anulada com base em novas evidências de DNA conhecido pelo Projeto Inocência. O perfil de DNA desenvolvido a partir das evidências foi comparado ao banco de dados de DNA estadual e local, o que levou à identificação do verdadeiro agressor, que já confessou o crime.
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Em uma declaração emocionada, Leonard Mack expressou sua gratidão por finalmente conseguir provar sua inocência: “Quero primeiro agradecer a Deus por este dia. Em seguida, quero agradecer ao Projeto Inocência. Hoje já faz muito tempo. Perdi sete anos e meio da minha vida na prisão por um crime que não cometi e vivi com esta injustiça emparelhando sobre a minha cabeça durante quase 50 anos. Mudou o curso da minha vida – tudo, desde onde eu morava até meu relacionamento com minha família. Nunca perdi a esperança de que um dia provaria minha inocência. Agora a verdade veio à tona e posso finalmente respirar. Finalmente estou livre.”
O caso de Leonard Mack é um exemplo angustiante dos fatores comuns que colaboram com as condenações injustas nos Estados Unidos. A identificação incorreta de testemunhas oculares desempenhou um papel crucial em sua história, juntamente com o depoimento forense enganoso apresentado no julgamento e o preconceito racial evidente. Mack passou sete anos e meio preso e carregou o fardo de uma condenação injusta por 41 anos.
Em 1975, quando duas estudantes do ensino médio da Woodland High School, em Greenburgh, Nova York, foram vítimas de estupro quando estavam a caminho da escola foram ameaçadas por um homem com uma arma que as violentou. As vítimas deram uma descrição do agressor, um homem que teria acabado de se mudar para o bairro, de maioria branca, que se tornaria o ponto de partida para uma série de acontecimentos que mudariam a vida de Leonard Mack para sempre.
A descrição original do agressor, que se baseava em uma identificação inicialmente vaga, mencionava um homem negro de cerca de 20 anos, cabelo curto, barbeado, usando calças pretas, jaqueta bege, chapéu preto com aba branca e um brinco de ouro na orelha esquerda, além de portar uma pistola calibre .22 ou .32.
O oficial James Fleming, da polícia local, parou Leonard Mack cerca de duas horas e meia após o crime, simplesmente porque ele usava um chapéu preto e um brinco de ouro na orelha esquerda. Embora as roupas de Mack não coincidissem com a descrição dada pelas vítimas, ele foi detido. Mack alegou ter estado com sua namorada na hora do ataque, o que foi corroborado por ela.
Durante o processo de identificação, as vítimas foram submetidas a procedimentos altamente sugestivos e problemáticos. Em um desses procedimentos, uma das vítimas foi levada até onde Mack estava algemado, cercado por seis carros da polícia, e fez uma identificação incerta, exigindo que ele fosse reposicionado antes de finalmente identificá-lo como o agressor.
Em outra tentativa de identificação, a polícia mostrou fotos para as vítimas que incluíam a imagem de Leonard Mack, sendo que esta era a única foto que mostrava o rosto e as roupas do suspeito, adicionalmente com um calendário distinto de maio de 1975 suspenso ao fundo. A identificação ocorreu de forma tendenciosa.
O julgamento de Leonard Mack, que dependia principalmente da identificação feita pelas vítimas, aconteceu em 29 de março de 1976. Curiosamente, a defesa apresentou três testemunhas de álibi que explicaram o paradeiro de Mack no momento do crime. Alexander Wiener, do Gabinete do Examinador Médico Chefe da cidade de Nova York, testemunhou que testes sorológicos excluíram Mack como o agressor, com base nas evidências biológicas que indicavam que o agressor tinha um tipo sanguíneo A, que não era o tipo sanguíneo de Mack.
Infelizmente, o processo de julgamento incluiu também o depoimento de um analista do Laboratório de Ciências Forenses do Condado de Westchester, que lançou dúvidas sobre o testemunho do Dr. Wiener, informando incorretamente que a vítima poderia ser uma fonte de evidência biológica.
Foi somente em novembro de 2022 que o Projeto Inocência entrou em cena, buscando colaboração com a Unidade de Revisão de Condenações do Promotor Distrital do Condado de Westchester para realizar novos testes de DNA. Embora muitas evidências da cena do crime já não existissem, foram encontrados fragmentos de roupas íntimas de vítimas que continham evidências de sêmen, junto com as roupas íntimas de Leonard Mack. O teste de DNA moderno excluiu Mack como fonte de material genético encontrado nas roupas das vítimas, levando à identificação do verdadeiro agressor.
“Hoje, evidências indiscutíveis de DNA provam que Leonard Mack é inocente. Quase cinco décadas depois, ele finalmente tem alguma medida de justiça”, declarou Mary-Kathryn Smith, uma das defensoras do Projeto Inocência de Mack. “A resiliência e a força de Mack são a razão pela qual este dia finalmente chegou. Queremos agradecer ao Procurador Distrital do Condado de Westchester e à sua Unidade de Revisão de Condenações pela sua cooperação e compromisso na procura da verdade.”
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