
O governo do presidente americano Donald Trump retirou 381 livros da biblioteca da Academia Naval dos Estados Unidos como parte de sua censura contra conteúdos relacionados a diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês). Entre as obras removidas estão títulos sobre feminismo, racismo, identidade de gênero e até o Holocausto.
A ordem partiu do gabinete do secretário de Defesa, Pete Hegseth, um dos principais nomes por trás da política de “limpeza ideológica” nas Forças Armadas americanas. A lista, divulgada pela Marinha na sexta-feira (9), inclui livros como: “Lembrando o Holocausto”, sobre a preservação da memória do genocídio de judeus na Segunda Guerra Mundial; “Meio americano”, que aborda a participação de afro-americanos no conflito; “Uma mulher respeitável”, sobre o papel público das mulheres negras no século XIX e“Perseguindo Trayvon Martin”, que discute o assassinato do jovem negro em 2012 e o racismo estrutural nos EUA.
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Também foi removida a autobiografia “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola”, da escritora e ativista Maya Angelou, ícone da literatura afro-americana e da luta pelos direitos civis. A triagem foi feita por meio de buscas por termos como “diversidade” e “equidade” no catálogo da biblioteca Nimitz. Inicialmente, cerca de 900 obras foram identificadas, das quais 381 foram retiradas.

Embora o decreto assinado por Trump em janeiro vetasse conteúdos sobre DEI apenas em escolas públicas do ensino básico, o Pentágono decidiu estender a diretriz às academias militares. A remoção ocorreu dias antes da visita de Hegseth à instituição, mas o governo nega ligação direta entre os fatos.
Um oficial anônimo revelou à Associated Press que a academia foi orientada “no fim da semana passada” a conduzir a revisão. “Não está claro se a ordem partiu diretamente de Hegseth ou de sua equipe”, disse a fonte.
Críticas: censura e apagamento histórico
A medida gerou reações de parlamentares e defensores da liberdade acadêmica, que acusam o governo de censura e perseguição ideológica. Servidores do Departamento de Defesa relataram à AP desconforto com o rigor da campanha, argumentando que a exclusão de obras históricas pode prejudicar a formação dos cadetes e apagar contribuições de minorias.
Entre os livros vetados estão temas historicamente alvos de governos autoritários, como sexualidade, direitos das mulheres e violência racial. Há ainda obras sobre a Ku Klux Klan, a condição feminina em países islâmicos e representações de raça e gênero na arte.
O Pentágono, no entanto, mantém a posição. Em nota, o Departamento de Defesa afirmou que as academias militares estão “comprometidas em executar e implementar os decretos do presidente”.
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