2020 foi o ano que muitas empresas despertaram para a questão racial. Algumas já tinham programas modestos de diversidade, mas os resultados de inclusão de gênero sempre foram mais expressivos do que a de raça. Um exemplo disso é a 15ª edição da International Business Report (IBR) – Women in Business 2019, realizado pela Grant Thornton mostra que 93% das empresas do país responderam que têm pelo menos uma mulher como líder – acima da média global de 87%.
Selecionamos aqui algumas ações de grandes empresas para diminuir o racismo dentro do quadro de funcionários e também suas estratégicas de impacto social com foco na comunidade negra.
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Google Org
Google.org vai apoiar organizações sem fins lucrativos e de pesquisa que tenham seus trabalhos focados no avanço da justiça racial e no combate à violência contra a população negra no Brasil. O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra e envolve doações que totalizam US$ 500 mil (cerca de R$ 2,5 milhões).
A maior parte desta verba (US$ 400 mil; aproximadamente R$ 2,1 milhões) será destinada ao Fundo Baobá, o primeiro e único fundo destinado exclusivamente à promoção da equidade racial no Brasil, que selecionará 10 organizações negras a terem seus projetos financiados pelo braço filantrópico do Google.
Spotify
A plataforma de assinatura de streaming Spotify criou o hub “Pretos no Topo” para ampliar a visibilidade de criadores negros.
Nesse hub será possível conferir as playlists criadas por 17 dos grandes nomes da música negra que fizeram suas escolhas musicais, a fim de ampliar a sua visibilidade e a de outros artistas dentro do streaming. Entre os convidados estão Edi Rock, Elza Soares, Emicida, Gilberto Gil, IZA, Karol Conká,Kleber Lucas, Leo Santana, Liniker, Ludmilla, Mc Dricka, Mc Zaac, Nívea Soares, Orochi, Rennan da Penha, Thalles Roberto e Thiaguinho.
No hub também teremos conteúdo de podcasters e criadores negros. Tudo começa com duas novas playlists editoriais de podcasts: a Pretos de Impacto, que destaca personalidades negras de diferentes áreas de atuação; e a Escurecendo as Ideias, com o objetivo de ser uma ferramenta de desenvolvimento de uma consciência anti-racismo e Vidas Negras“, o mais recente podcast original do Spotify, que semanalmente retrata a vida de homens e mulheres negros que fizeram sua contribuição à comunicação, literatura, filosofia, entretenimento, música, ciência, política e religiosidade do Brasil
P&G
A gigante americana P&G lançou o projeto Racial 360° para contratar mais negros e capacitar funcionários e até mesmo fornecedores da comunidade negra. O programa “P&G Para Você”, por exemplo, visa desenvolver estudantes negros com aulas de inglês e mentoria.
“Trabalhamos para ser uma força para o bem e uma força para o crescimento. Queremos dar o exemplo e promover reflexões, conhecimento e consciência. O projeto Racial 360° é mais um passo no caminho para uma sociedade justa e igualitária, por isso, vamos continuar investindo em ações de diversidade e inclusão étnico-racial dentro e fora da companhia”, diz Juliana Azevedo, presidente da P&G no Brasil.
Empregueafro e Movimento Black Money são parceiros da empresa do projeto que também trouxe mais diversidade em suas ações publicitárias contratando nomes como Babu Santana, Mc Soffia, Sheron Menezes, Tia Má e a Thelma Assis.
Nestlé
Helen Andrade gerente executiva de Diversidade e Inclusão na Nestlé Brasil é uma mulher negra e o resultado da sua presença é um programa de mentoria para negros sempre precedentes na história da empresa.
No dia 19 de novembro foi lançado o Programa de Mentoria para Profissionais Negros e a primeira turma conta com 30 profissionais de todo o Brasil, que terão como mentores 30 lideranças nas diversas áreas de atuação da Nestlé. Os mentees ocupam cargos não gerenciais em centros de distribuição, na Sede e nas fábricas pelo País, representando as diferentes facetas da força de trabalho da companhia em localidades onde a Nestlé está presente.
“Queremos que a Nestlé seja um espelho do nosso Brasil, diverso, criativo e inovador, e esse é mais um passo importante para alcançarmos esse objetivo”, defende Helen Andrade.
Grupo Boticário
Com o objetivo de incluir, desenvolver e atrair talentos e gerar awareness para a questão racial no Brasil, o Grupo Boticário criou o Programa Geração B de estágio e trainee, no qual foi eliminada a barreira do inglês e na última etapa de aprovação, 41% da turma de trainees se declararam como pretos ou pardos.
Outra iniciativa realizada foi o “Entrevistaço”, iniciativa de busca e prospecção ágil de profissionais negros no mercado de trabalho para ocupar vagas em aberto e criar banco de talentos negros para acelerar contratações futuras.
“Sabemos que é apenas o começo, mas quando olhamos para 2020 em retrospectiva, já temos 54% das contratações desse ano foram de talentos autodeclarados negros. Em 2019, nesse mesmo período, eram 43%. Há muito a fazer ainda, mas estamos profundamente orgulhosos do caminho que estamos trilhando por uma empresa mais semelhante à população brasileira como um todo”, conclui Bassili.
PepsiCo
Além da continuidade do programa de mentoria para profissionais negros que se iniciou em 2019 funcionários PepsiCo também participam de feiras e palestras, por meio de uma parceria instituída com a Universidade Zumbi dos Palmares.
Já para apoio nos processos seletivos, a PepsiCo uniu-se com a Comunidade Empodera e tem à disposição um centro de talentos com mais de 50 mil perfis de estudantes universitários, sendo 62% de mulheres e 52% de negros.
“Para nós, a diversidade é um diferencial para o negócio, pois garante pontos de vista distintos, gerando mais inovação e conexão com os vários perfis de consumidores”, defende Fábio Barbagli, VP de Recursos Humanos da PepsiCo.
Basf
A BASF conta com grupos de afinidade que atuam nos temas prioritários definidos pela companhia: equidade de gênero, diversidade sexual, equidade racial e inclusão de pessoas com deficiência. Um dos quatro grupos de afinidade da empresa, o BIG (Black Inclusion Group) foi criado em 2017 com a missão de promover a conscientização da diversidade étnico-racial.
“O BIG é uma plataforma de incentivo à educação sobre a luta da equidade racial. De forma coletiva, criamos iniciativas que despertam o diálogo e motivam as pessoas a pensarem mais sobre essa questão”, comenta Tayse Cruz, analista de Sustentabilidade da BASF e líder do BIG na fábrica de Guaratinguetá (SP).
Avon
Avon lançou um pacto com o compromisso antirracista de contratar mais mulheres negras para cargos de liderança. Neste mês de novembro a empresa, a empresa fez o lançamento de produtos para mais tons de pele em seu portfólio atendendo a diversidade real das brasileiras. O processo envolveu muitas mulheres negras.
“Queremos uma Avon tão diversa quanto o Brasil pois a sub-representação de mulheres e homens negros não só desperdiça talentos, mas renuncia perspectivas diferentes que contribuem para ampliar nossa capacidade de inovar, ampliar nossa competividade e conexão com nossas clientes”, afirma Daniel Silveira, Presidente da Avon Brasil. “Acreditamos ter um papel fundamental no processo de mudança da sociedade e esperamos inspirar outras empresas. O caminho ainda é longo para que possamos reparar as injustiças históricas, mas essa jornada será trilhada com consistência em cada passo”, completa o executivo.
Bayer
Entre setembro e outubro de 2020, a Bayer organizou o primeiro Programa de Trainees exclusivo para a população negra de sua história – que foi, também, o maior já realizado pela empresa em número de vagas.
Para auxiliar a empresa em ter mais diversidade racial e reter pessoas negras contratadas, foi criado em 2015 o grupo de diversidade étnico-racial BayAfro, que é parte do Comitê de Inclusão e Diversidade e de que fazem parte colaboradores negros da empresa.
Desde então o grupo – e a Bayer, de forma mais ampla – têm buscado promover iniciativas inclusivas interna e externamente.
As oportunidades estão aí e quem sabe uma dessas empresas tem uma vaga com a sua cara?
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