Quase 200 anos depois da fundação do Maracatu Nação Leão Coroado , o filme “Leoas: o legado feminino no Maracatu Leão Coroado”, realizado com incentivo do Funcultura, foi lançado na última sexta-feira, 15, no Museu da Abolição, na cidade do Recife, em Pernambuco, para destacar o papel de protagonista das mulheres na Nação. O filme será disponibilizado em breve no canal oficial do Maracatu Leão Coroado no YouTube.
“Leoas é sobre reconhecer e valorizar a contribuição de várias mulheres, de diferentes gerações, no Maracatu Leão Coroado. É sobre a nossa história, nossas vidas, contadas por nós”, afirma Karen Aguiar, realizadora do filme e a primeira mulher a assumir a regência do Leão Coroado, em 2018, com a morte inesperada do seu avô, Mestre Afonso Aguiar. Na época Karen tinha 18 anos, e de lá para cá, ampliou sua atuação para além do baque, trabalhando também na salvaguarda dos saberes do maracatu e das pessoas que o fazem.
Notícias Relacionadas
Trabalhadora negra é resgatada após viver 28 anos em situação de escravidão na casa de vereadora em Minas Gerais
Leci Brandão celebra 80 anos e cinco décadas de samba em programa especial da TV Brasil
No filme, oito mulheres que desempenham papéis diferentes no maracatu (batuqueiras, baianas, rainha, presidenta) falam sobre suas experiências, sentimentos e medos que enfrentam na Nação, tocando em pautas que as atravessam, como negritude, religiosidade e a invisibilidade das mulheres dentro da tradição. “O projeto também se tornou um espaço para que a gente finalmente falasse o que tava guardado por trás de tanta força e cuidado com a Nação”, explica Karen. Para ela, o próprio fazer do filme mudou a visão das mulheres que fazem o Leão Coroado sobre si mesmas. “A percepção e confirmação de que nós somos as referências de nós mesmas caiu como um abraço”, pontua.
A ideia inicial do projeto era registrar os saberes de Dona Janete Aguiar no maracatu, esposa de Mestre Afonso e também costureira, administradora e Dama do Paço da Nação, mas que nunca teve o mesmo reconhecimento do marido. Dona Janete morreu antes que o projeto pudesse ser concretizado e Karen decidiu, a partir de Dona Janete, registrar os saberes e as histórias das outras mulheres que fazem o Leão Coroado, para conservar esse legado enquanto ainda há tempo.
“Eu espero que o Leoas doc seja um ponto de partida na história do registro e salvaguarda dos saberes das Nações. Que a gente passe a registrar os saberes não só dos mestres, mas que a gente registre as pessoas que fazem a Nação de fato. A pessoa que costura, a pessoa que cozinha, a pessoa que toca tambor há muito tempo, todas essas coisas”.
O Maracatu Nação Leão Coroado é o mais antigo em atividade ininterruptas desde sua fundação em 1863. Essa longa história, como na maioria dos grupos, sempre foi conhecida a partir da liderança masculina, a exemplo de Luiz de França, uma das maiores referências do maracatu em Pernambuco.
Serviço
Pré-estreia Leoas
Data: 15/03, às 19h
Local: Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 – Madalena, Recife)
Entrada gratuita
Notícias Recentes
Filmes natalinos com representatividade negra para assistir no feriado
Maria Bomani é indicada ao Prêmio APCA por atuação no longa “Bandida – A Número 1”