
A história de Modou Awa Dieye, um jovem senegalês que partiu de sua terra natal com a promessa de uma nova vida na Itália, mas acabou vítima de tráfico humano, desembarcando a mais de 7 mil quilômetros de casa, no Equador, ganha as telas no filme “Malick”. Após fugir dos criminosos e atravessar Peru e Bolívia, Modou chegou ao Brasil, onde reconstruiu sua vida. Hoje, sua trajetória inspira o longa-metragem, que acaba de finalizar as gravações em Porto Alegre.
Dirigido por Cassio Tolpolar e codirigido pelo próprio Modou, o filme, ainda sem data de estreia programada, acompanha a adaptação de um imigrante senegalês de 25 anos no Brasil, enquanto ele tenta superar um passado marcado pelo tráfico humano. O projeto surgiu em 2017, quando Tolpolar reescrevia um roteiro e buscava um parceiro senegalês. O encontro com Modou transformou completamente a narrativa original, dando origem a uma obra que mescla ficção e realidade.
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A história de Modou se soma às de milhares de refugiados que chegam ao Brasil anualmente. Apenas no Rio Grande do Sul, onde ele vive, foram registradas 27 mil autorizações para migrantes e refugiados em 2024, um aumento de 103,4% em relação a 2020, segundo dados da Polícia Federal. O filme busca dar voz a essas experiências, retratando os desafios e as lutas diárias enfrentadas por quem deixa sua terra natal em busca de segurança e dignidade.
Para garantir autenticidade, a produção envolveu a comunidade senegalesa local, utilizou o uolofe – língua falada no Senegal – como um dos idiomas principais e trabalhou com não-atores. “Contar essa história é uma pequena forma de reparação a todos os povos que sofrem perseguições e discriminações e são forçados a se deslocar de seus países”, afirma Tolpolar.
A roteirista Adry Silva destacou a importância de preservar a cultura senegalesa na narrativa. “Algumas emoções são melhores expressas na língua materna. Isso enriquece o filme e valoriza o ser humano retratado”, explica. Modou, além de inspirar a trama, também atuou como codiretor e corroteirista. “Foi um processo desafiador, mas muito gratificante. Sinto que cresci como artista e como pessoa”, revela.
O elenco conta com senegaleses como Fallou Kourouma, que interpreta Bamba, e Mamadou Abdoul Vakhabe Sène, chef de cozinha que vive em Porto Alegre e dá vida ao personagem Amadou. Entre os brasileiros, destacam-se Álvaro Rosa Costa, no papel de Carlos, Pâmela Machado, como Ana, e Frederico Vittola, que interpreta Toni.
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