Sentada dentro de casa, local onde tem passado a maior parte do seu tempo, a ativista Flávia Diniz, mulher negra com deficiência, foi vítima de um ataque covarde vindo de uma de suas vizinhas no bairro Marechal Hermes, no Rio de Janeiro.
Na noite do dia 3 de dezembro, quinta-feira, Flávia que tem problemas de mobilidade, teve que se deslocar com dificuldade para varanda de sua residência ao ouvir uma mulher gritando seu nome. “Dona Flávia, é a senhora mesmo”, falou a senhora chamando a atenção de toda a vizinhança. O que aconteceu em seguida foi um show de horrores com xingamentos de ordem racista e capacitista .
Notícias Relacionadas
Três novelas da Globo com protagonistas negras marcam novo momento na TV brasileira
Maju Coutinho refaz conexão histórica e cultural com África em série para o 'Fantástico'
A senhora, branca e loira, cujo nome não pode ser divulgado por questões jurídicas, acusava Flávia de fazer barulho durante a madrugada e intimidou a ativista, usando o fato de ter uma afilhada juíza. “Deixa de ser sonsa, minha afilhada é juíza e já está na sua cola”, disse a vizinha branca que ainda agrediu a ativista a chamando de “criola”, “fedida” e “negrinha” durante suas acusações feita aos berros.
Flávia que tentou se defender dizendo que não faz barulho, não sai de casa e passa a maior parte do tempo sozinha, ainda teve que ouvir ofensas direcionadas à sua filha quando a agressora disse que “nem a macaquinha quer ficar com você sua aleijada”.
Em sua conta no Instagram Flávia relata esse episódio de terror e disse que os vizinhos chamaram a senhora de racista e “louca”.
Medidas jurídicas
Durante o ataque Flávia pediu ajuda e um policial militar negro apareceu em sua residência para prestar auxílio e interrogar a agressora que não o atendeu. Ela só não foi no mesmo dia à delegacia porque passou mal por conta do estado nervoso.
Nessa sexta, dia 4, a ativista foi a mais de uma delegacia ( por conta de aspectos específicos de inquéritos sobre racismo e questões capacitistas) para prestar queixa e um inquérito foi aberto. A acusada está foragida.
Em conversa com o Mundo Negro, Flávia explicou que seu ataque foi triplo. Um por sua cor, outra por sua condição como mulher deficiente e o terceiro, pela ameaça feita quando a agressora a intimidou por ter uma afilhada juíza.
“A injúria não pode ser confundida com racismo e nem capacitismo. Existe uma lei que nos ampara”, explicou. Flávia se refere a Lei 13.146, de 6 de julho de 2015.
Flávia passou mal novamente na sexta, por conta de uma crise neuropática. “Fiquei dormente até poucas horas. Língua dormente, braço, perna. Pressão 23. Essa mulher podia ter me matado”, afirmou a ativista.
Notícias Recentes
“O que acontece aqui impacta mulheres ao redor do mundo”: Danai Gurira fala sobre as eleições e os direitos das mulheres
Lázaro Ramos lança projeto especial no Mês da Consciência Negra para celebrar ícones afro-brasileiros