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A exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História chega ao fim na próxima quarta-feira, 18, no saguão da Escola de Comunicação, Artes e Design da PUCRS, em Porto Alegre. O evento rememora a trajetória de uma das publicações pioneiras na defesa de pautas negras no estado.
O Tição circulou entre 1978 e 1980, um período marcado pela abertura política do regime militar. Embora tenha publicado apenas três edições, o jornal se destacou por abordar demandas da população negra em um estado de maioria branca, confrontando narrativas oficiais da ditadura, que propagavam a ideia de um Brasil racialmente igualitário.
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“Nosso objetivo era garantir visibilidade às questões negras em um estado ainda percebido como exclusivamente europeu”, explica Deivison Campos, curador da exposição e coordenador do curso de jornalismo da PUCRS. Segundo ele, o Tição dialogava com outras iniciativas do movimento negro no Brasil, como o Sinba (RJ) e o Jornegro (SP).
A publicação também enfrentou censura. A atriz Vera Lopes, integrante do movimento negro e colaboradora do jornal, relembra idas à Polícia Federal para a aprovação de matérias. “Eles editavam o que queríamos publicar. Era audacioso fazer uma revista negra em pleno regime militar”, afirma.
A equipe do Tição contava com nomes como o poeta Oliveira Silveira e jornalistas como Vera Daisy Barcellos, além de jovens estudantes e ativistas. Segundo Jeanice Dias Ramos, que hoje atua no Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros, o objetivo era ir além do estigma midiático: “O negro só aparecia na página policial. Queríamos muito mais que isso.”
Retorno em 2025
Após mais de quatro décadas, o Tição será relançado em 2025, com três edições dedicadas à mulher negra, juventude e questões como segurança pública e racismo. As novas publicações terão 52 páginas e serão distribuídas gratuitamente em escolas, bibliotecas e museus.
Segundo Emílio Chagas, membro da equipe original, o objetivo é revisitar os temas históricos da revista e avançar na luta antirracista. “A agenda do Tição continua atual. Racismo, violência policial e exclusão do mercado de trabalho são questões que ainda persistem”, diz.
A exposição pode ser visitada até o dia 18 de dezembro, das 8h30 às 22h, no prédio 7 do campus da PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681).
Serviço
Exposição Grupo Tição e a Imprensa Negra no RS – 132 Anos de História
Quando: até 18 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 22h
Onde: Famecos – Prédio 7, PUCRS (Av. Ipiranga, 6.681, Porto Alegre)
Fonte – Agência Brasil
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