Mundo Negro

“Existe um tipo de visão sobre quem é Deus que naturaliza a violência contra as mulheres”, diz o Pastor Henrique Vieira

O Pastor Henrique Vieira - Foto: Reprodução Instagram

O pastor Henrique Vieira usou suas redes sociais para expor sua posição, enquanto figura religiosa, sobre o caso da criança  do ES que foi estuprada pelo tio, desde os 6 anos e aos 10 ficou grávida. Legalmente ela teve o direito ao aborto pelo risco à sua saúde e pelo bebê ter sido fruto de violência sexual. Porém, grupos fundamentalistas religiosos se manifestaram contra a decisão do aborto que foi realizado na manhã dessa segunda feira, 17, no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, no Recife.

“Esse fundamentalismo não tem compromisso nenhum com a vida. Eu quero dizer que não se reconhece a dor e o sofrimento dessa menina e o quanto ela está traumatizada por conta de uma violência inominável”, diz o religioso.

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Vieira acredita que há organizações dentro das igrejas que corroboram para que esse tipo de crime aconteça.  “Existe um tipo de leitura e interpretação da bíblia que assina embaixo a violência contra as mulheres. Existe um tipo de visão sobre quem é Deus que acaba naturalizando à violência contra as mulheres”, defendo o religioso que diz que a violência sexual  contra as mulheres é um fruto de um modelo de sociedade,  religiosidade e de leitura e interpretação da bíblia.

O religioso também fala sobre aborto. “A política de criminalização do aborto, não reduz o número de aborto, penaliza e culpabiliza as mulheres e na prática, o que a gente vê: morte. Mulheres pobres em sua maioria negras fazem abortos clandestinos e inseguros e acabam morrendo”.

Em sua interpretação do evangelho, o pastor fala sobre como ele entende a posição de Jesus Cristo sobre a vida. “Jesus defendeu a vida olhando para a vida. Olhando para realidade concreta, não era uma defesa abstrata. Jesus olhava para as circunstâncias concretas e a partir delas defendia a dignidade humana”.

“Cabe a ética pastoral e do evangelho o exercício da escuta, o exercício do acolhimento, o exercício do diálogo e do respeito da verdadeira preservação da vida. Eu falo na condição de homem, mas o mais importante é escutar o que as mulheres têm a dizer” afirma o pastor.

Confira o vídeo na íntegra clicando aqui.  

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