No dia 5 de novembro, o Sesc Pompeia, na Zona Oeste de São Paulo, sediará um evento gratuito em homenagem aos 40 anos do tombamento do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, localizado em Salvador, Bahia, e reconhecido como o primeiro Monumento Negro do país pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1984. Fundado no século XIX, o Ilé Àṣẹ Ìyá Nasò Ọka é o primeiro terreiro estruturado para o culto aos Òrìṣà no Brasil e um marco na preservação e difusão das tradições afro-brasileiras.
O evento contará com a participação da Ìyálòrìṣà Neuza Cruz e da Èkejì Sinha, ambas ligadas à Casa Branca, e falas de personalidades como o Bàbálòrìṣà Alabiy Ifakoya, o Bàbá Gill Ominirò, da Ìwé Ìmọ e da Ẹgbẹ Ominirò Láàlú àti Ọ̀ ṣùn e o advogado e fundador do JusRacial, Dr. Hédio Silva Jr., além da arquiteta Gabriela de Matos, que abordará o impacto arquitetônico do terreiro como precursor na construção afro-brasileira. A mediação será da Ìyálòrìṣà Luciana de Ọya, e haverá uma performance de dança dedicada a Ṣàngó, com a bailarina Cibelle de Paula.
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Outro destaque da celebração é o curta “O corpo da terra”, de Day Rodrigues, que aborda a relação entre o solo sagrado e a preservação ambiental. A cineasta explora a simbologia e as tradições do candomblé na defesa da natureza, destacando que, “sem folha não há orixá”. O filme foi exibido na Bienal de Veneza e propõe um olhar crítico para a continuidade do candomblé e a construção da identidade cultural brasileira.
“A celebração é essencial para solidificar a cultura afro-brasileira como patrimônio protegido pelo Estado”, ressalta o antropólogo Bàbá Gill Ominirò, enfatizando a importância de homenagens a essa história em outras capitais. Segundo ele, o tombamento da Casa Branca foi “um passo fundamental para o reconhecimento de um processo cultural negligenciado por séculos no Brasil”.
Apesar do reconhecimento institucional, o Terreiro enfrenta dificuldades. Para Bàbá Gill, “a violência institucional e a especulação imobiliária são problemas frequentes”. Um exemplo recente foi a demolição de uma construção que ameaçava o espaço sagrado, um processo conquistado após intensa mobilização com a participação de órgãos públicos e defensores do patrimônio.
A Casa Branca também inspira o campo da arquitetura afro-brasileira, sendo modelo para outros terreiros e tema da exposição “Terra”, que recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza deste ano, com curadoria dos arquitetos Gabriela de Matos e Paulo Tavares. Para Matos, “o mato faz parte da espacialidade dos terreiros, conectando a arquitetura à terra e à espiritualidade”.
Serviço:
O quê: homenagem ao Ilé Àṣẹ Ìyá Nasò Ọka (Terreiro da Casa Branca) pelos 40 anos de tombamento pelo IPHAN
Quando: 05 de novembro de 2024, a partir das 19h30
Onde: Sesc Pompeia. R. Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo, SP.
Quanto: Grátis, ingressos: meia hora antes
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