O ressecamento da pele, especialmente na região corporal, é uma das queixas mais recorrentes entre pessoas negras. E agora, um estudo inédito conduzido pela equipe da L’Oréal Research & Innovation traz uma explicação científica que aprofunda a compreensão desse desconforto, muitas vezes negligenciado pela indústria e pela dermatologia tradicional.

Intitulado “Os Marcadores Lipídicos da Pele Seca em Mulheres Africanas”, o estudo investigou a composição lipídica da pele de mulheres negras sul-africanas, mapeando os fatores que levam à perda de hidratação, mesmo em ambientes de clima quente e úmido.

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Os pesquisadores identificaram que a baixa concentração de ceramidas específicas, especialmente as de base tri-hidroxiladas — como fitosfingosina e 6-hidroxi-esfingosina — está diretamente relacionada à quebra da barreira cutânea, o que resulta na incapacidade de reter água. Essa deficiência lipídica facilita a perda de umidade e gera a aparência acinzentada e esbranquiçada da pele ressecada, conhecida como ashy skin.

Por que isso acontece?

Ao contrário do que muitos imaginam, a pele negra, embora rica em melanina e naturalmente mais protegida contra os efeitos da radiação UV, possui particularidades estruturais que a tornam mais suscetível ao ressecamento, especialmente no corpo. O estudo reforça que essa predisposição não está associada à falta de cuidados, mas sim a uma característica biológica: a redução dessas ceramidas fundamentais, que funcionam como o “cimento” que mantém as células da camada mais externa da pele unidas.

Essa falha na barreira cutânea permite que a água escape mais facilmente, comprometendo a hidratação e deixando a pele vulnerável não apenas à secura, mas também à entrada de agentes externos que podem causar irritações, descamação e desconforto.

O impacto do ressecamento na pele negra

O ressecamento da pele negra não é apenas uma questão estética. Além da aparência acinzentada, ele pode gerar coceira, rachaduras, desconforto constante e até inflamações. O impacto também afeta o bem-estar e a percepção de cuidado, já que a sensação de pele seca compromete a percepção de saúde e equilíbrio.

O estudo desmistifica a ideia de que o clima quente ou a maior presença de melanina seriam suficientes para garantir a hidratação da pele negra. Ao contrário: mesmo em regiões com alta umidade, como é o caso de muitas áreas da África do Sul, a pele negra corporal apresenta tendência à secura pela deficiência desses lipídios essenciais.

Recomendações práticas baseadas na pesquisa

Além de reforçar a importância de produtos que contenham ceramidas na composição — especialmente as tri-hidroxiladas, que são mais eficazes na reparação da barreira cutânea — os pesquisadores destacam que o cuidado diário precisa ser consistente e adaptado às especificidades da pele negra.

Entre as práticas recomendadas estão:

  • Limpeza suave: evitar sabonetes em barra e optar por produtos de limpeza que mantenham o pH equilibrado e não retirem os lipídios naturais da pele.
  • Hidratação imediata após o banho: aplicar hidratante com ativos reparadores enquanto a pele ainda está úmida potencializa a retenção de água.
  • Evitar banhos muito quentes: a água quente dissolve os lipídios naturais, comprometendo ainda mais a barreira cutânea.
  • Uso diário de protetor solar: mesmo com alta concentração de melanina, a pele negra sofre os efeitos da radiação UV e da luz visível, que podem intensificar manchas e acelerar o envelhecimento.
  • Nutrição de dentro para fora: manter uma alimentação rica em antioxidantes (vitaminas A, C e E), ômega-3, vegetais verdes escuros, frutas coloridas, castanhas e sementes, que favorecem a saúde da pele e sua capacidade de regeneração.

O estudo conclui que compreender as especificidades da pele negra é essencial para orientar os cuidados, combater o ressecamento e manter a saúde, o equilíbrio e a luminosidade da pele.

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