O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus confessos pelo assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foi retomado na manhã desta quinta-feira, 31, no Rio de Janeiro, por volta das 8h, onde a justiça deve anunciar o veredito. Os familiares de Marielle chegaram juntos ao local.
O primeiro dia de julgamento foi marcado por um forte clima de dor e revolta. Durante mais de 13 horas, amigos e familiares das vítimas compartilharam suas histórias de luto e os anseios por justiça. Marinete Silva foi uma das vozes mais impactantes do dia. Emocionada, ela relembrou momentos da vida da filha, destacando a dor insuportável que a perda causou à família. “Cada vez mais dói, dói muito. Perder uma mãe, como a Luyara perdeu, nunca passou em nossa mente o que aconteceu com a minha filha. É uma falta, um vazio, um coração que tem um pedaço que foi arrancado covardemente, injustamente “, afirmou. Marinete também enfatizou sua não presença como uma mãe de uma figura pública, mas como uma mãe que sofre: “Estou aqui como uma mãe que sofreu esses anos todos com a falta da filha”.
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Fernanda Chaves, única sobrevivente do ataque que vitimou Marielle e Anderson, descreveu a cena do crime, detalhando os momentos de terror que viveu enquanto pedia ajuda. A viúva de Anderson, Ágatha Arnaus, lembrou que seu filho tinha apenas 1 ano e 7 meses quando o pai foi assassinado, e sua vida desde então foi marcada pela ausência e pelo sofrimento.
Os Réus, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz contaram, em detalhes, como planejaram e executaram o crime. Durante o depoimento, Lessa pediu perdão às famílias das vítimas, uma atitude que provocou reações de negação e angústia entre os presentes. A mãe de Marielle se mostrou visivelmente afetada pela confissão, enquanto a filha e a irmã de Marielle, Anielle Franco, choravam.
Relembre o caso
Marielle Franco e Anderson Gomes foram mortos no dia 14 de março de 2018, quando saíam de um evento que a vereadora havia acabado de participar. Anderson dirigia o carro quando o veículo foi alvejado a tiros no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. O assassinato do motorista e da vereadora foi emboscada planejada que teve como executores os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus confessos pelas mortes.
A acusação afirma que Lessa teria sido o autor dos disparos, enquanto Élcio de Queiroz foi responsável por conduzir o veículo utilizado durante o crime. Durante as investigações, a justiça analisou imagens de segurança, fez interceptações telefônicas e quebrou o sigilo bancário de suspeitos de participar do planejamento do crime. Existem indícios de que os acusados possuem ligações com redes de milícia, conforme apontaram as interceptações telefônicas. O processo deve chegar à instâncias superiores já que ainda existem suspeitas sobre quem são os mandantes do crime.
O ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Domingos Brazão, e o deputado federal, Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa estão sendo investigados em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) como suspeitos pela morte de Marielle e Anderson. A suspeita é de que tenham encomendado o assassinato de Marielle com o objetivo de silenciar o trabalho político que a vereadora vinha realizando.
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz podem enfrentar penas de até 84 anos de prisão cada um, devido às acusações de duplo homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio. De acordo com o jornalista Ariel Freitas, o julgamento avalia a responsabilidade direta dos ex-policiais na execução, enquanto o processo paralelo no STF, que investiga os supostos mandantes como Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, também pode resultar em penas semelhantes.
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