Uma das principais vozes do Reino Unido na luta de mulheres negras contra o câncer de mama, a escritora e palestrante Leanne Pero revelou detalhes sobre sua própria história em uma entrevista para o site MyLondon. Pero contou que na primeira consulta o médico afirmou que ela era “muito jovem” para estar com a doença, o que adiou o diagnóstico. Ela ainda conta que a batalha da própria mãe contra co câncer de mama também a inspirou.
Fundadora do grupo de apoio “Black Woman Rising”, criado em 2017, durante o próprio tratamento, Leanne Pero percebeu que mulheres negras diagnosticadas com câncer não eram tratadas de maneira humanizada e viviam isoladas, além de não serem compreendidas em suas questões nem por médicos ou por seus pares.
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A batalha de Leanne começou quando, aos 30 anos, em 2016, descobriu um pequeno caroço em seu seio, ela procurou ajuda médica pela primeira vez. O médico que a atendeu pela primeira vez afirmou que ela estava paranóica e que era “muito jovem” para ter câncer de mama, ignorando o histórico familiar da doença em sua mãe, que teve a câncer de mama duas vezes.
Na segunda vez, ela marcou novamente uma consulta incentivada por seu massoterapeuta que percebeu um caroço. O diagnóstico positivo veio 14 dias depois, quando o segundo médico, confirmou a presença de um tumor no estágio três, considerado agressivo. Ela tinha um caroço de sete centímetro de comprimento, além de outros caroços na mesma mama.
“Eu me senti envergonhada e culpada pelo meu diagnóstico. Ainda mais quando comecei a contar às pessoas da minha comunidade, por conta de como elas eram desinformadas. Essas pessoas diziam coisas como ‘porque sua mãe é mestiça deve ser o gene branco’; que o câncer era uma maldição por coisas que você fez no passado; não faz quimioterapia porque ela não foi feita para negros”, contou ela.
Após a confirmação do diagnóstico, Leanne percorreu uma jornada de tratamento difícil. Ela passou por oito sessões de quimioterapia a cada três semanas e recebeu injeções de imunoterapia por 18 meses. Além de ter que lidar com seu tratamento, ela também apoiava a mãe, que seis meses antes havia recebido o diagnóstico de câncer de mama pela segunda vez.
A primeira vez que a mãe de Leanne descobriu a doença, a escritora tinha apenas oito anos de idade. Ela conta que só entendia que algo estava acontecendo porque a mãe precisou cortar seus dreadlocks.
Ela notou que havia uma certa solidão que abatia mulheres negras com câncer, até mesmo pela falta de perucas voltadas para essas mulheres: “Disseram-me que estávamos sem perucas na seção étnica. Quando olhei para esta revista, havia um monte de perucas para mulheres caucasianas e depois havia algumas páginas no final da revista para pessoas de cor. E estamos em um hospital no centro da cidade de Londres, onde há pessoas e culturas diferentes ao redor”, relembrou.
Foi a partir dessas experiências que Leanne Pero resolveu criar o “Black Woman Rising”: “Meu foco principal é capacitar mulheres negras que passam pelo diagnóstico de câncer, capacitando-as a se defenderem e a se afastarem do trauma do câncer”.
Leanne também participou da escrita do livro “From The Margins”, contribuindo para a conscientização sobre a importância do apoio e da representatividade no tratamento do câncer, especialmente para mulheres negras.
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