
No Senegal, uma experiência comunitária tem mostrado que a mudança no comportamento dos homens pode salvar vidas. Trata-se da Escola para Maridos, um programa criado para ensinar a chamada “masculinidade positiva”, conceito que estimula o respeito aos direitos das mulheres, a divisão das tarefas domésticas e o cuidado com a saúde familiar.
Atualmente, o Senegal conta com mais de 20 escolas e cerca de 300 homens participantes, todos escolhidos por serem figuras respeitadas em suas comunidades. Entre eles estão líderes religiosos, ex-combatentes e maridos que se tornaram referência de comportamento. Esses homens passam por formações e depois atuam como multiplicadores, levando a mensagem da igualdade de gênero para outros homens e famílias.
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Um dos nomes mais atuantes é o do imã Ibrahima Diane, que usa seus sermões de sexta-feira para falar sobre violência de gênero, HIV, partos hospitalares e direitos reprodutivos. A iniciativa tem mostrado resultados concretos: cada vez mais homens acompanham as mulheres nas consultas médicas, apoiam partos seguros e compartilham responsabilidades no lar.
Apesar dos avanços, os desafios ainda são grandes. O Senegal registra uma taxa de 237 mortes maternas a cada 100 mil nascimentos e 21 mortes neonatais por mil nascidos vivos, números ainda distantes das metas estabelecidas pela ONU para 2030. Nesse cenário, o engajamento masculino é visto como um aliado fundamental para a melhoria da saúde pública e a proteção das mulheres.
O sucesso do programa já inspira outros países da região. Níger e Togo começaram a implementar suas próprias versões da Escola para Maridos, demonstrando que o modelo pode ser replicado como estratégia de combate à violência de gênero e ao estigma que ainda afeta as mulheres em grande parte da África Ocidental.
Mais do que uma política pública, a iniciativa reforça uma lição importante: educar homens é também cuidar das mulheres.
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