
A trajetória de Raquel em Vale Tudo tem se tornado um verdadeiro retrato da instabilidade narrativa da novela. Da praia à Hípica, passando pela Paladar e retornando à areia com sua bandeja de sanduíches, a personagem vive uma montanha-russa de acontecimentos que, ao mesmo tempo em que emocionam, desafiam a lógica da trama. O público acompanha essa sucessão de idas e vindas com estranhamento, tentando entender os caminhos escolhidos pelos autores.
A sequência é marcada por constantes reviravoltas: Raquel começou vendendo sanduíches na praia, conquistou espaço ao abrir um restaurante na Hípica e se tornou sócia de Celina no espaço da Paladar, que oferecia também serviços de catering. Após perder a sociedade em um golpe articulado por Odete, retornou à praia, mais uma vez vendendo sanduíches, até que Celina adquiriu o espaço da Paladar e ela pôde transformá-lo em um novo restaurante. Um enredo que poderia mostrar crescimento, mas que se perde em idas e vindas quase sem respiro.
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No capítulo exibido na terça-feira, a personagem chega a comentar com seu sócio Poliana que a renda obtida na praia não seria suficiente para manter o fluxo do negócio. O detalhe revela que, mesmo retomando contratos e reabrindo o restaurante, Raquel enfrenta desafios básicos de caixa para comprar alimentos e arcar com pagamentos. É uma fala breve, mas que chama atenção para algo essencial: o roteiro toca em questões de sobrevivência, mas não desenvolve aspectos importantes como logística, gerenciamento de equipe e finanças.
Esse ritmo acelerado e por vezes confuso deixa lacunas na narrativa. Em vez de aprofundar as dificuldades da personagem em administrar empreendimentos tão distintos, a novela parece preferir saltar de uma fase a outra, acumulando viradas rápidas. O resultado é uma sucessão de acontecimentos que, mais do que construir uma trajetória sólida, transmite ao público a sensação de improviso e descontinuidade.
No fim, a pergunta que fica é inevitável: será que todas essas mudanças fazem sentido dentro da história ou apenas enfraquecem a jornada de Raquel? O público, atento e crítico, é quem terá a palavra final sobre a coerência — ou não — desse roteiro que insiste em caminhar entre a emoção e a bagunça.
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