Em curta temporada, Sulivã Bispo aborda intolerância religiosa e genocídio do povo preto no espetáculo Kaiala

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Em curta temporada, Sulivã Bispo aborda intolerância religiosa e genocídio do povo preto no espetáculo Kaiala
Foto: Diney Araújo

Com ingressos a preços acessíveis e quatro apresentações marcadas nos dias 9, 10, e 17 de fevereiro, às 17h e no dia 16, às 18h, no Espaço Cultural da Barroquinha, em Salvador, o espetáculo Kaiala marca sua volta após dois anos de estreia e aborda intolerância religiosa e genocídio do povo preto.

Na tradição bantu, (candomblé da nação Angola), Kaiala tem as águas como seu domínio, é a geradora de todas as espécies, inclusive da raça humana. Kaiala é uma menina de 10 anos que é brutalmente assassinada por evangélicos que queriam o fim do terreiro ao qual a criança fazia parte. A direção é de Thiago Romero, com coreografia de Nildinha Fonseca e direção musical assinada por Sanara Rocha e Luciano Salvador Bahia.

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Segundo Sulivã, também conhecido por interpretar a personagem “Mainha”, na web série “Na Rédea Curta”, Kaiala é um dos trabalhos mais queridos de sua carreira. “Não só porque é um trabalho que fala sobre a minha essência, a minha história, o candomblé, que é minha religião. Mas é um trabalho que conta também um pouco da minha vivência e fala da resistência, né?”

Ele, que foi indicado na categoria de melhor ator do prêmio Braskem de teatro pela atuação em Kaiala, vê o espetáculo como um grito de resistência, de dor, mas que também traz um riso e a força ancestral do povo de santo.

É sempre um espetáculo que denuncia, né? Toda vez que fazemos esse espetáculo, parece que aumentam os casos de intolerância religiosa contra o povo do terreiro, então, acho que é necessário. Fazê-lo nesse momento, no verão, enquanto a cidade está cheia de festas, ensaios de verão, mas ao mesmo tempo, os casos de intolerância religiosa continuam a aumentar. É muito importante também porque quem tá de fora vê a cidade com outro olhar, porque às vezes acham que não existe racismo, como se aqui fosse tudo multicultural, o que na verdade não é”.

Vale ressaltar que desde 2011 o Disque 100, número do governo que funciona 24 horas por dia e recebe denúncias de violações de direitos humanos, passou a contabilizar os casos de intolerância religiosa. Ao longo dos anos, a taxa de crescimento aos casos de intolerância é altíssima. No primeiro ano foram 15 casos, em 2012 foram 109, 201 em 2013 e em 2014 chegou a 149. Entre 2015 e o primeiro semestre de 2018, foram 1.729 casos registrados.

Recentemente, em Salvador, o Terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare (Casa do Mensageiro), de Barra do Pojuca, na cidade de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, do babalorixá Rychelmy Imbiriba, foi alvo de invasão por assaltantes, que além de afrontar as vítimas com palavras de cunho desrespeitoso, levaram diversos itens.

Foto: Diney Araújo

O ator finaliza falando sobre a importância de trazer Kaiala neste momento. “A religião preta é muito massacrada, tudo que vem da gente é muito pisoteado. Então fazer esse espetáculo agora, com três personagens diferentes, contando a história do meu povo, falando de Kaiala, da divindade, das grandes águas, mares, rios, oceanos, é muito importante pra nós do candomblé. Tanto pela importância de Kaiala na tradição bantu, na tradição angola, quanto nas questões litúrgicas, sagradas”.

Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e podem ser adquiridos através do Sympla ou na bilheteria do local.

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